Somos diferentes, evidente que sim. “Homens são de Marte e mulheres são de Vênus”. E agora me vem à mente um curso de noivos que uma amiga e seu noivo foram fazer, isso lá pelos anos setenta. Um dos palestrantes falava sobre sexo, coisa que o noivo já sabia, conhecia e praticava com quem podia, certamente. A noiva, ou as noivas daquela época quase que em sua grandíssima maioria eram virgens. Assim era, assim foi. O fato é que o palestrante fez a seguinte comparação: o homem é como o fogão a gás, esquenta rapidinho, mas a mulher já é um fogão à lenha. Não. Não concordo, acho que isso foi inculcado na mente feminina, afinal, o mundo sempre foi manipulado pelos homens. Sim, vivemos num mundo criado pelos homens. Perdão homens! Não é sua culpa, leitor que está lendo, isso vem de milênios, já faz parte do inconsciente coletivo masculino.
Eu não sou feminista, e sempre fui mega feminina, a tal ponto que de pequenina já fazia pose para fotos, coisa que minha mãe nunca me ensinou, tão recatada que era. O que quero mesmo dizer é que há coisas que são para homens, mais fortes fisicamente do que nós mulheres, não resta a mínima dúvida. Não creio que as mulheres trabalhariam como estivadoras ou coisa do tipo, é uma questão de corpo, de resistência, de coluna, tanto é que nunca vi um jogo de futebol ou basquete, que seja, que homens e mulheres jogassem juntos, a não ser um vôlei displicente na praia. Biologicamente, somos diferentes.
Agora, mentalmente, isso não. Jamais houve mulheres grandes filósofas na Idade Média ou Moderna, até hoje. Por que? Ora, a capacidade mental não é diferente! A que custo tantas mulheres grandes filósofas tiveram que enterrar no peito suas aspirações e talentos só porque o mundo masculino assim o determinava! As mulheres são filósofas por natureza. Eu me lembro quando as mulheres lavavam roupas no rio no norte de Minas e em todo o lugar. Agora acho que já não se vê isso. Olha, elas cantavam, dançavam e falavam sobre a vida, sobre a morte, sobre o destino. Eram e são verdadeiras filósofas sem nunca terem estudado para isso. Então, simplesmente, os homens decidiram que filosofia era coisa para homem e não para a mulher. Fecharam o cerco e ai da mulher que tentasse furar. Era discriminada até pelas outras mulheres. Hipátia, a grande matemática de Alexandria que o diga, pois foi combatida e perdeu a vida por ensinar filosofia.
Bem, felizmente estamos em outra época. A mulher que quiser ser filósofa, que o seja, não vai ser morta por isso, mas duvido que não sofra preconceitos. A mulher escritora até a década de cinquenta também tinha que ouvir vez ou outra: “ela é tão boa escritora que até parece um homem escrevendo.” Isso li de Rachel de Queiroz.
O bonito da mulher é que ela pode ser filósofa, engenheira, motorista, etc e etc e abrigar um bebê no útero, e depois cantar para ele dormir. Vi um episódio de uma série futurista de uma Terra devastada e deserta em que para perpetuar a espécie de humanos, pura ficção gente, alienígenas enviaram um casal para a tarefa. A “mulher alienígena” teve quatro filhos ao mesmo tempo, acho que é isso, mas o que me chamou a atenção foi que o último bebê nasceu morto. O homem já queria levá-lo para descartar ou sei lá o que, mas ela, com os olhos de lágrimas, pediu para ficar com ele nos braços por um tempo. E ficou ninando e cantando baixinho quando de repente o bebê chorou e veio à vida! As mulheres são uma coisa linda! A elas foi presenteado o dom de aplacar os terrores noturnos de seus filhos e muitos outros dons.
Ah gente, hoje não é Dia Internacional da Mulher, é dia de toda mulher e todo homem, mas que “nós, mulheres, somos desdobráveis”, como dizia Adélia Prado, somos sim. Tenho o maior orgulho de ser mulher e não sou fogão a lenha não senhor.