Enquanto Jesus ensinava na sinagoga de Nazaré, muitos comentavam: “De onde vem essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro?” – Mt 13. E Jesus não fez ali muitos milagres porque eles não tinham fé.
Nesta curta passagem da vida de Jesus, há dois aspectos a considerar: o preconceito e a humildade. Um é humano e, o outro, divino. Um sentimento favorece o pecado e, o outro, agrada a Deus. Enquanto o preconceito exclui muitos necessitados, o homem humilde abraça a caridade.
E como não conseguiram provas concretas para condenar Cristo, dessa vez tentaram discriminá-lo por ser filho de um carpinteiro, mas esse argumento foi usado inadequadamente. Eu imagino que José era o único profissional de carpintaria da aldeia onde viviam e, portanto, seus serviços eram extremamente úteis e necessários.
Quando alguém precisava de uma cadeira nova, ou de uma mesa de jantar, ou de portas e janelas para a casa, imediatamente recorriam ao zeloso carpinteiro. Além disso, a Bíblia confirma que o pai nutrício de Jesus era um homem bom e justo. Ora, então, por que o preconceito?
Acontece que, quando olhavam para a humildade de Jesus – no vestir, no falar e na ajuda ao próximo –, entendiam que aquilo não podia vir de Deus, pois o Altíssimo tinha poder suficiente para dominar o mundo! Realmente Ele tinha, mas a sua missão de servir a humanidade não lhe permitia a soberania que todos cobravam.
Portanto, pense nisso: ‘Humildade ou preconceito como conduta de vida?’ Os dois juntos não podem fazer parte do mesmo coração, concorda? Feliz daquele que dá amor sem olhar a quem, mas, infelizmente, poucos agem assim e alguns até se orgulham de pertencer a clubes fechados – onde pobres não entram!
Há uma história interessante que narra um fato na vida de um bondoso homem de oração. Ele vivia só numa velha cabana, porém, sempre limpa e abençoada. Muitos vinham visitá-lo quando precisavam de algumas graças na família, por confiarem na sua intercessão junto a Deus.
Com o passar dos anos, quase toda a população do lugar já conhecia o interior da cabana, contudo, ele nunca havia sido convidado para sequer tomar uma xícara de chá na casa de alguém. Mas, a humildade daquele homem era tanta que ele pouco se importava com isso.
Um dia, quando a saúde da esposa de um rico proprietário de terras se agravou, foram buscar o bondoso servo do Senhor para rezar com ela. Lá chegando, o dono da fazenda o recebeu na porteira:
– Ainda bem que veio. Já era hora! Peça a Deus que a cure e prometo que vou reformar a sua cabana inteira.
– O senhor me desculpe, mas não é dessa forma que o Pai nos atende.
– Bem, então, diga o que quer que eu faça!
– Quero que todos vocês entrem no quarto da senhora comigo e rezem juntos com muita fé.
– Ora, dizem que as suas orações são muito complicadas e demoram muito também!
– Demoram um pouco, sim, mas se o Senhor nos ouve pelo tempo que desejamos, o que custa rezarmos unidos por uma hora?
– Tá certo, não vamos mais perder tempo. Entre logo!
Quando chegaram no quarto da esposa, ela estava rezando em voz alta. Imediatamente, o homem de fé ajoelhou-se, pôs-se a acompanhá-la e, durante toda a semana, sem que ninguém o buscasse, ele continuou indo até a fazenda e rezando com a senhora.
Mais alguns dias se passaram e, certa tarde, o homem da cabana foi surpreendido com a chegada do fazendeiro e assessores no seu modesto lar. O rico senhor de botas começou a falar:
– Eu tomei a liberdade de trazer minha esposa até aqui porque ela me disse que vocês combinaram de rezar hoje e vou receber uns amigos em casa. Posso deixá-la com você?
– Certamente que pode!
– Já lhe disse que depois vou recompensá-lo muito bem, ouviu?
– Eu só desejo nunca perder a minha fé, meu senhor.
– Eu não entendo! Você quer virar santo?
– Se isso significar poder participar da glória de Deus, eu quero sim!
– Olha, depois a gente conversa sobre isso. Fiquem aí rezando porque eu estou atrasado no meu compromisso e preciso ir embora. Até mais tarde.
Poucas horas depois, durante a grande festa que dava na propriedade, o fazendeiro foi interrompido e informado que sua esposa havia morrido. Meio atordoado com a inesperada notícia, gritou com o empregado:
– E você, seu incompetente, a deixou lá na cabana, morta, nos braços daquele santo fajuto?
– Não, patrão, há mais um homem com eles.
– Quem mais chegou naquele lugar horrível?
– Antes de entrar, ele me beijou a face e disse que era o filho do carpinteiro!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
Livros do autor:
1. Gotas de Espiritualidade – Editora Bookba (à venda na Amazon, Americanas, Shoptime, Magalu…) – mensagens diárias de fé e esperança, com os santos de cada dia.
2. Pegadas na Areia – Editora Prismas / Editora Appris
3. Histórias Infantis Educativas – Editora Cléofas
4. Histórias Cristãs – Editora Raboni
5. O Mendigo e o Padeiro – Editora Paco
6. A Arte de Aprender Bem – Editora Paco
7. Minha Vida de Milagres – Editora Santuário
8. Administração do Tempo – Editora Ideias e Letras
9. Mensagens que Agradam o Coração – Editora Vozes
10. Projetos Mecânicos das Linhas Aéreas de Transmissão (coautor) – Editora Edgard Blücher
11. Mecânica Geral – Estática (coautor) – Editora Interciência