○ Combate ao comércio ilegal de armas no Brasil esbarra na falta de autonomia das polícias

O Brasil enfrenta um problema sério com a importação de armas de países vizinhos e reinserção de armas apreendidas pela polícia no crime. Os principais fatores que alimentam esse problema é a grande dificuldade de se fiscalizar a fronteira e a corrupção, tanto no judiciário quanto na polícia.

O delegado de Crimes Políticos da 2ª Delegacia Regional de Polícia Civil, Dr. José Carvalho, explica que Itajubá é uma cidade controlada, mas em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro a quantidade de armas que voltam para o poder de criminosos é imensa. Nesses casos a estratégia é monitorar e asfixiar esse mercado, impedindo o comércio.

Segundo o delegado esse é exatamente o mesmo trabalho que tem sido feito quanto ao tráfico de drogas. As investigações são constantes e o objetivo são os chefes e pessoas fortes do tráfico, não apenas o menor que é pego portando drogas.

O problema do armamento o Brasil está na dificuldade logística. Sendo um país de proporções continentais, muitas vezes as atividades precisam ser articuladas entre cinco ou seis delegacias com eventual envolvimento da Polícia Federal e isso esbarra na falta de recursos e dependência do poder executivo para ação.

Não é possível para a Polícia Civil fazer um bom trabalho sem um quadro de funcionários e autonomia para agir. A polícia de Minas Gerais, por exemplo, não contrata investigadores há quase cinco anos e está com um concurso parado. Na última operação em Itajubá, que resultou na prisão de dois suspeitos e diversas apreensões, a polícia usou quase sem contingente inteiro, comenta o Dr. José Carvalho.

Não é possível esperar grandes resultados sem a estrutura adequada, por isso a discussão da independência é relevante. Caso a polícia consiga autonomia ela teria gestão para promover seu próprio concurso e o controle permaneceria nos moldes atuais, com corregedoria e controle externo do Ministério Público. O próprio Ministério Público e a defensoria tem essa independência e não se vê abusos.