Muita gente diz que tudo na vida tem começo, meio e fim, mas, para nosso próprio bem, algumas coisas nunca podem chegar ao fim. Imagine se deixarmos de ter paciência, ou deixarmos de perdoar, ou de falar a verdade… Tudo aquilo que se fundamenta no amor, não pode acabar.
Na teoria, isso funciona bem e acredito que dificilmente alguém discordaria, mas na prática, a realidade muda completamente. Ao invés das pessoas preencherem seus corações com sentimentos de amor, reservam espaço para o egoísmo, a vaidade e a ambição. Então, os frutos desses pecados serão: a exclusão, a inveja, a mentira, o consumismo, a raiva etc.
Sem falar de religião, é quase impossível convencer alguém a valorizar o amor ao próximo em qualquer circunstância; por isso, dizemos que ‘quem não se aproxima de Deus por amor, vai pela dor’. E quanta gente precisou chegar ao fundo do poço para crescer em espiritualidade! Se antes, aceitasse ajuda espiritual, tudo poderia se resolver em pouco tempo para experimentar a verdadeira felicidade em família. São situações que podem não ter um final feliz sem um adequado início na fé cristã.
“Aquele que come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”, disse Jesus (Jo 6,55). Que exemplo maravilhoso de um bom começo para chegarmos a um resultado maravilhoso! Acontece que também o percurso é fundamental para nos salvarmos. Por exemplo: você começa a se desculpar quando precisa praticar o terceiro Mandamento, ou empaca já no quinto Pecado Capital?
Recordando, eis os Sete Pecados Capitais: Gula, Avareza, Soberba, Luxúria, Preguiça, Ira e Inveja. E os Dez Mandamentos:
1º – Amar a Deus sobre todas as coisas
2º – Não tomar o seu santo Nome em vão
3º – Guardar domingos e dias de festa
4º – Honrar pai e mãe
5º – Não matar
6º – Não pecar contra a castidade
7º – Não furtar
8º – Não levantar falso testemunho
9º – Não desejar a mulher do próximo
10º – Não cobiçar as coisas alheias
Tenha convicção de que não é preciso ser santo para se comprometer com tudo isso, basta acreditar nas promessas de Cristo. E se o seu problema não é deixar de cumprir o quinto Pecado Capital, nem o terceiro Mandamento, então, está sempre lendo a Bíblia e ouve atentamente a Palavra de Deus nas missas, certo? Se isto for verdade, não me resta muito a dizer, aliás, ainda tenho muito a aprender.
Mas, se não for bem esse o seu caso, concordo que fugir das tentações não é muito fácil, contudo, existem meios que nos ajudam a evitá-las. Antes de fechar o assunto, deixe-me contar uma pequena história:
Num imenso castelo, havia um velho trancado no porão – amargando uma pena perpétua. Todos os dias, quando o guarda da noite passava pelo corredor, o pobre velho lhe implorava clemência, dizendo que era inocente e que já não aguentava mais aquela triste e impiedosa solidão.
Comovido com a dor do prisioneiro, o guarda resolveu secretamente soltá-lo. Assim que foi aberta a porta do cárcere, o velho se transformou imediatamente em Satanás e partiu para infernizar a vida de famílias da região.
Inconformado com a maldade praticada, o guarda passou a caçá-lo por toda parte durante o resto de sua vida, até conseguir aprisioná-lo novamente no porão do castelo. E, já velho para continuar no trabalho, o redimido guarda resolveu então se aposentar, mas primeiro recomendou ao seu sucessor que jamais soltasse o perigoso prisioneiro.
E o novo guarda foi sendo tentado pelas lamentações do encarcerado até que acabou libertando-o também. Quando percebeu que fora enganado, passou vários anos perseguindo o destruidor das famílias cristãs. E de guarda em guarda, mentira em mentira, esta história até hoje não tem um final feliz.
Agora, pense por um instante: você já fez o papel de um desses guardas da história? Eu também já me ‘vesti de guarda’ e libertei Satanás várias vezes, mas precisamos continuar insistindo em ajudá-lo em suas maldades?
De minha parte, procuro mantê-lo bem preso num lugar onde quase nunca preciso chegar perto. E sabe qual é o meu segredo para ficar longe desse terrível inimigo? É simples: trabalho sempre contra os seus objetivos para deixá-lo bem furioso; assim, evito vê-lo com ‘pele de cordeiro’ – como o via quando fazia o papel de ‘guarda do castelo’. Imagine o estrago que ele faria na minha família se lhe desse a liberdade que deseja!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).