A Comissão da Verdade já tem uma lista com 119 crimes cometidos pela esquerda que devem ser alvo de investigação. Nessa lista, estão apontados os crimes, as vítimas, protocolo do processo, entre outras informações sobre cada um destes casos.
Segundo integrantes do órgão, nem todos os crimes serão apurados. Será dada prioridade aos mais emblemáticos. A lista dos casos que serão investigados começará a ser discutida nesta quarta-feira (16), a partir das 16h, durante a primeira reunião da Comissão da Verdade.
A escolha pela investigação dos crimes mais emblemáticos, entretanto, não será algo exclusivo dos crimes cometidos pela esquerda. As atrocidades contra os direitos humanos resultado de ações do Estado também serão alvo de um crivo da comissão. A ideia é igualmente direcionar as investigações para os crimes mais graves. No primeiro momento, o trabalho da Comissão da Verdade vai recair contra crimes como assassinatos, sequestros e atos de tortura durante o regime militar.
A expectativa de foco das investigações já causou uma certa polêmica entre dois membros da Comissão: o ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias e a ex-advogada da presidente Dilma Rousseff (PT), Rosa Maria Cardoso da Cunha. Dias defende uma investigação ampla; Cunha defende que a Comissão foque na apuração dos crimes dos agentes do Estado.
Nesta terça-feira (15), por exemplo, Dias evitou conversar com a imprensa sobre a Comissão da Verdade para evitar novas polêmicas. Outros membros como o ex-procurador Cláudio Fonteles afirmaram que ainda é cedo para falar em divisão do grupo. Afinal, segundo eles, as divergências de opinião em casos como esses são absolutamente normais. “Você diverge até mesmo com o seu chefe”, disse Fonteles. “Acho que precisamos nos ater a discussões maiores”, complementou.
“Não sei como a comissão pode dar certo. Mas sei como ela pode dar errado: é cada um impondo o seu ponto de vista”, anotou o escritor e advogado José Paulo Cavalcanti. Pela lei nº 12.528, de 18 de novembro de 2011, a Comissão terá como objetivo “examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos” praticadas entre 1946 e 1988, “a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”. A lei não especifica se a investigação recairá sobre os crimes da esquerda ou os crimes estatais.
Fonte: iG Brasília