Sabemos que o amor ao próximo deve ser praticado sempre, pois é o único sentimento que transforma duas pessoas num único ser. Por isso, aconselho confrades e consócias a tirarem proveito das dificuldades nos relacionamentos, conscientizando-se que um será remodelado para o outro e todos para uma Rede de Caridade. E graças ao bom Deus, o resultado dessas orientações tem sido maravilhoso.
Dizer que precisamos de paz, de coragem e de esperança para bem viver, também não é novidade para qualquer vicentino. Um pouco mais complicado é convencer alguns irmãos a perdoar, a dizer a verdade e a rezar. Às vezes, para enraizar um ensinamento, conto histórias como esta:
Uma menininha muito sapeca arrancava os cabelos da boneca, derrubava pratos quando pedia para enxugar a louça e, com cara de levada, dizia sempre:
– Desculpe, mamãe!
Tinha certeza que, pronunciando esta frase, obtinha completa absolvição. E aconteceu que, uma manhã, derramou café na toalha da mesa. Assim que falou ‘desculpe’, viu sua mãe enrolar a toalha, pegar uma colher e dizer:
– Filha, agora você é uma fada e esta é uma varinha de condão. Diga dez vezes ‘desculpe, mamãe’ e esta mancha de café irá desaparecer.
A garotinha repetiu apressadamente a frase e, quando terminou, abriu a toalha e viu que a mancha continuava do mesmo jeito. Chateada, começou a chorar, e sua mãe lhe explicou:
– Não podia mesmo desaparecer, filha! Dizer ‘desculpe’ não resolve nada em muitas situações. Agora, vou encher outra xícara com café e você vai tomar sem derrubar, certo?
Pois é, uma simples historinha de criança pode nos ensinar uma grande lição. Eu imagino estar um dia diante de Deus e dizer a Ele: ‘Desculpe, Senhor, eu não fiz nada para ajudar no Seu projeto de evangelização’.
Então, o que aconteceria comigo? Não sei, mas não quero correr o risco.
Hoje em dia, se alguém disser que tem uma receita mágica para resolver algum tipo de problema, rapidamente haverá um grupo interessado em saber, praticar e divulgar. Por isso, nós, vicentinos, precisamos ser orientados espiritualmente por pessoas sérias, éticas e de muita fé, porque um coração recheado de bons ensinamentos caminha mais alegremente.
São Vicente também dava seus conselhos evangélicos, chamados de virtudes pessoais -colhidos do Evangelho de Jesus Cristo e do seu exercício cotidiano junto aos pobres. Eis os cinco conselhos: simplicidade, humildade, mortificação, mansidão e zelo pelas almas. Seguir nesse caminho de santidade não é fácil; é preciso haver, principalmente, sinceridade na prática da caridade.
Resumindo minhas palavras, não podemos perseverar na caridade sem amor no coração. Esta é a ‘receita’ que disponibilizo em livro: auto-estima, humildade, bondade e sinceridade. As duas primeiras virtudes precisamos carregar dentro do peito e, as outras duas, disponibilizar ao próximo – seja o pobre ou outro vicentino. Segundo minha experiência na SSVP, isto minimiza problemas de relacionamentos, falta de perdão, mentiras e desculpas para não assumir o trabalho com responsabilidade.
A sustentabilidade da caridade no planeta depende de cada um de nós. Não esmoreça, faça a sua parte!