No nosso último artigo falamos sobre a grande recorrência dos brasileiros ao crédito. Muito disto justificado pelos momentos de dificuldade associados à pandemia. Neste momento, nada mais importante do que compreender o que se passa hoje na economia brasileira para se preparar para os próximos meses. Afinal, a renda de cada um de nós está diretamente associada com o ambiente econômico do nosso país.
Nosso artigo desta semana será um pouco diferente. Trará tópicos importantes de serem apresentados agora e que devem ser acompanhados no futuro para nos ajudar a compreender o rumo que a economia do nosso país irá tomar.
O momento está recheado de incertezas, portanto, são oito os pontos de atenção que destacamos neste momento.
De olho na energia elétrica: Os reservatórios das usinas hidroelétricas do Brasil estão em níveis muito abaixo do normal. É certo que havendo uma mínima recuperação da economia enfrentaremos nos próximos meses uma das seguintes alternativas: aumento de preços que compõem a tarifa de energia elétrica, racionamento ou apagão.
Combustível: Com a retomada do crescimento em diversos países pode haver pressão sobre o preço do petróleo. O aumento nos preços de custos com transportes já é o principal componente da inflação no Brasil em 2021, responsável por mais de 20% da composição do IPCA15 do IBGE que nos últimos 12 meses já acumula 8,6%.
Inflação: A inflação é galopante, tendo sido mais percebida em combustíveis, transporte e alimentação nos últimos meses, mas com tendencias de alastramento para os serviços a medida que a economia vem retomando estas atividades até então contidas pelas restrições impostas pela pandemia. Combustíveis e alimentos não devem ceder nos preços nos próximos meses sob pressão internacional e de comprometimento de produção com as geadas.
Ilusão nas contas do governo: O governo se beneficiou da inflação uma vez que muitos dos gastos são indexados a percentuais do PIB nominal do país que responde ao aumento de preços, ou seja, a inflação. Isso significa que se o PIB sobe por causa do aumento dos preços, mesmo que não esteja associado a um aumento de produção, os gastos do governo também podem aumentar e a relação da dívida sobre o PIB tende a diminuir, uma vez que o valor da dívida nacional não é diretamente atrelado à inflação.
Aumento da taxa de juros básica a Selic: A pressão inflacionária, também associada a taxa cambial do real em relação ao dólar, tem imposto ao Banco Central a necessidade de um aumento na taxa básica de juros, a Selic. Com isto o crédito deve ficar mais caro, e parcela do dinheiro que estava sendo investido em ativos reais e financeiros, como ações deve voltar para a renda fixa.
Expansão das políticas sociais: Frente a uma crise política e de popularidade o governo federal deve investir com mais intensidade nos programas de transferência de renda. Estes programas são importantíssimos para garantir a dignidade e condição mínima de vida dos mais pobres, no entanto, podem ser usados com outras finalidades que não apenas a social e em medida difícil de ser comportada pelas contas nacionais no longo prazo.
Reforma política: Inúmeras são as incertezas sobre os rumos das regras eleitorais no Brasil.
Dólar: O preço do dólar em relação ao real tem se mantido estável ao longo dos últimos meses. A balança comercial superavitária, graças a exportação das comodities tem garantido entrada da moeda estrangeira no nosso país. Em 2021 com inúmeras geadas e a possível crise energética este fluxo pode ficar comprometido em algum momento. Por outro lado, a elevação da taxa Selic pode contribuir para entrada de capital estrangeiro, desde que o risco país não suba com a crise política e possíveis aventuras fiscais.
Você achou tudo isso muito complicado? Então não deixe de nos acompanhar. Nos próximos encontros iremos falar de forma mais aprofundada de cada um desses temas.
Fiquem com saúde!
Autores:
Prof. Dr. André Luiz Medeiros
Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo
Prof. Dr. Victor Eduardo de Mello Valerio
DENARIUS – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
O painel de educação financeira é uma parceria do programa Conexão Itajubá com o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira (DENARIUS UNIFEI).