Um pensamento de Jussara Elisa Brun
Muitas vezes não se percebe nas próprias atitudes, na própria conduta, algo feito de forma errada ou algo a aprender.
A correria da vida diária consome quase todas as nossas energias, levando, em determinadas circunstâncias, a atuar de forma apática frente ao que acontece. E assim, fecha-se a comunicação com a própria consciência, ergue-se um obstáculo ao avanço, à evolução.
Porém, no momento em que percebemos o erro cometido, nos encontramos diante de duas alternativas: sermos indiferente ao que aconteceu, ou nos dispormos a analisar nossa própria conduta. Mas para isso, necessita-se estar habilitado para enxergar os acontecimentos. O que significa ter os conhecimentos adequados e um método que ensina como fazer.
Quando eu era jovem eu queria ser melhor, queria conhecer muitas coisas a respeito do ser humano, do universo, queria me sentir segura para atuar frente à vida. Sentia que poderia avançar, aperfeiçoar-me, ser mais feliz, mas não sabia como fazer. Não sabia que o ser humano é dotado de espírito e de muitos recursos internos, que pode aprender, por meio de um processo de evolução consciente, a usar esses recursos para conhecer a si mesmo e vencer suas limitações em benefício de sua evolução.
Ao conhecer a ciência Logosófica fui aprendendo a observar os movimentos que acontecem no meu mundo interno. Um mundo até então desconhecido para mim, que abarca a vida e tudo o que a ela pertence, as emoções, os pensamentos, os sentimentos, que aos poucos estou conhecendo.
Ignorava os alcances da sensibilidade, que geralmente atua para indicar alguma coisa, aquilo que se sente, como se fosse um chamado de atenção interno, advertindo, por exemplo, um erro que se comete. E também faz pressentir que é possível adotar um comportamento mais elevado, mais adequado à condição de ser humano e de ser espiritual.
Começava a trilhar um caminho que está me levando a uma vida mais ampla, a um campo experimental cheio de matizes, mas nem por isso mais fácil.
Há muitos anos atrás, precisei ficar em repouso após uma cirurgia, e aproveitei esse tempo para desenhar e pintar. Com lápis de cor consegui transferir para o papel algo que tinha visto na natureza. Uma pessoa próxima, experiente com artes plásticas, sugeriu-me desenvolver essa habilidade e aconselhou-me a usar tintas aquarela.
Passei a cultivar esse pensamento, e desde então estou arriscando praticar algumas coisas.
Depois de muitas tentativas usando tintas e pincéis, aulas, exercícios livres, prestando atenção aqui e ali, fui melhorando minhas habilidades. Estou animada com minha experiência, apesar de perceber que ainda faltam muitas coisas para expressar aquilo que percebo.
Um dia fiz um desenho em aquarela inspirada em um vaso de flores que tenho em casa, e me enchi de alegria, embora tenha notado que não ficou tão bom como eu imaginava que ficaria. Mostrei a essa mesma pessoa, que prontamente me deu algumas sugestões, tais como: aproveitar melhor a luz branca do próprio papel, colocar tons escuros em determinados pontos para dar profundidade e, mais uma vez, estimulou-me a continuar.
Com tranquilidade fiz os retoques, e ao final o desenho ganhou “alegria e energia”, segundo suas palavras.
Mas, nem sempre foi assim. Tinha dificuldade em reconhecer que o outro podia ter razão, que o outro podia me ensinar algo que eu ainda não sabia. Para isso, foi importante compreender com o auxílio dos conhecimentos que extraí da Logosofia, que a grande tarefa de ajuda mútua é parte do plano divino. Que para completar os fragmentos que me faltam eu preciso do outro, preciso ver, nas sugestões que me chegam, a generosidade do ser humano que sabe um pouco mais do que eu, que tenho a possibilidade de aprender tudo o que ainda não sei.
No momento que sou capaz de enxergar que faltou algo para eu realizar corretamente, significa também que estou vendo a possibilidade de fazer melhor, aprender algo que não sabia.
A modéstia é a virtude que contribui para identificar os próprios erros e com isso encontrar os elementos que faltam para acertar, e assim poder dar um passo a mais em direção ao aperfeiçoamento. Tanto no que se refere ao desenho quanto à minha evolução.
Em ambos os casos, os conhecimentos são fundamentais.
Quando se tem o propósito de evoluir e ser melhor, quando se tem os conhecimentos que permitem conhecer a si mesmo e cultivar a atenção, é que aparecem coisas inteiramente novas sobre si mesmo. Coisas que sempre serão úteis quando se tem disposição para avançar, pois, se são positivas pode-se aumentá-las, e no caso de serem negativas, trazem em si a possibilidade de serem corrigidas.