O futuro da horticultura no Brasil e os rumos que a pesquisa deve tomar para acompanhar a demanda nacional estão sendo discutidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), junto com produtores, extensionistas e comunidade acadêmica, durante o 51º Congresso Brasileiro de Olericultura que está sendo realizado até esta sexta-feira (29), em Viçosa, na Zona da Mata. Em parceria com a Emater-MG, Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Embrapa, a Epamig está coordenando o evento, realizado pela Associação Brasileira de Horticultura (ABH). O Congresso reúne cerca de 1.000 pessoas de todo o país em 12 minicursos, sete palestras, oito workshops temáticos e quatro simpósios.
Na abertura do evento, a pesquisadora da Epamig Centro-Oeste, Maria Helena Tabim Mascarenhas, foi homenageada pela ABH como “reconhecimento pela vida profissional dedicada à pesquisa, gerando contribuições inestimáveis para a olericultura brasileira”, destacou o presidente do evento, Derly Henriques. Maria Helena recebeu a homenagem do diretor de Operações Técnicas da Epamig, Plínio César Soares, que representou o presidente da Empresa, Antônio Lima Bandeira.
Pela primeira vez, as atividades do Congresso Brasileiro de Olericultura foram divididas em produtos, discutidos em torno do tema central “Hortaliças: da origem aos desafios da saúde e sustentabilidade”, ressaltou o pesquisador da Epamig, Sanzio Mollica Vidigal, membro da comissão organizadora. Com público participativo, cada atividade tem reunido cerca de 100 pessoas ao longo da semana. “A programação é intensa, mas procuramos atender as necessidades do público segmentando os debates”, ressaltou.
Além da parte técnico-científica, a Epamig participa do Congresso com um estande temático em parceria com a Emater-MG. O destaque é o Programa Bancos Comunitários de Multiplicação e Conservação de Hortaliças não convencionais, desenvolvido pela pesquisadora da Epamig Centro-Oeste, Marinalva Woods Pedrosa. A pesquisa visa ao resgate de diversas espécies que, por serem não convencionais, possuem distribuição limitada, são restritas a determinadas localidades e exercem influência na cultura de populações tradicionais, mas que, com as mudanças do comportamento alimentar, passaram a ter expressão econômica e social reduzidas.
Batata
Coordenado pelo pesquisador da Epamig Sul de Minas (Núcleo Tecnológico Batata e Morango), Joaquim de Pádua Gonçalves, o workshop sobre cultivo de batata enfocou os gargalos da produção, o processamento e os aspectos do mercado.
“Por ser o Estado maior produtor de batatas do país, detendo 35% da produção nacional, Minas Gerais já dispõe de boas condições de produção, manejo e controle de pragas. Temos que trabalhar os outros pontos do negócio”, ressaltou o pesquisador.
O workshop discutiu os fatores de sucesso e de crise da bataticultura em Minas Gerais; os desafios na comercialização e a segmentação do mercado. Ao final, o professor da UFV Laércio Zambolim lançou o livro “Produção Integrada da Batata”, cujos capítulos foram escritos por pesquisadores da Epamig Sul de Minas, entre outros especialistas.
Ao final, a pesquisadora Maria Helena Tabim Mascarenhas foi novamente homenageada, recebendo uma placa em reconhecimento aos serviços prestados à bataticultura. Entre outras ações, ela foi a organizadora da publicação “Cadeia Brasileira da Cultura da Batata”, de muito destaque para o setor, lembrou Joaquim Gonçalves.
Morango
Com a participação da Embrapa Meio Ambiente, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e da Emater-MG, o workshop apresentou os temas produção integrada do morango, doenças do morangueiro no Brasil e refletiu sobre a evolução da cultura no país nos últimos 50 anos. Segundo o pesquisador da Epamig Sul de Minas, Mário Sérgio Carvalho Dias, que coordenou o workshop, os temas são imprescindíveis, atualmente, para que a cultura avance.
Minas Gerais é o estado maior produtor do Brasil, respondendo por 33% da produção nacional. “As doenças ainda são os fatores mais limitantes da produção e precisamos aprofundar nessa questão, apresentando as tendências da cultura e, ao mesmo tempo, refletindo sobre a atividade nos últimos anos”, destacou.
Workshop cultivo de pimenta
Os debates sobre o cultivo da pimenta traçaram um paralelo do agronegócio entre o que é feito em Minas Gerais, estado maior produtor, o Ceará, onde o mercado já está estabelecido, e o Rio Grande do Sul, onde se concentra a maior produção de pimenta dedo de moça, explicou a pesquisadora da Epamig Zona da Mata, Cleide Maria Ferreira Pinto, que coordenou o workshop. Segundo ela, apesar de Minas Gerais concentrar a maior produção do país, os produtores ainda precisam se organizar para atingir o mercado.
“Temos que tomar como exemplo o que é feito no Ceará, onde os produtores detêm o mercado, processando molhos, doces e geleias, o que agrega valor à pimenta”, disse. Durante o workshop, foi lançado o livro “Produção, genética e melhoramento de pimentas”, organizado por Elizanilda Ramalho do Rego, Fernando Luiz Finger e Maílson Monteiro do Rego. O capítulo que trata sobre o cultivo da pimenta foi escrito por Cleide Maria Ferreira Pinto, Izabel Cristina dos Santos e Fernando Alves Pinto.
Plantas medicinais
O 3º Simpósio Latino-Americano de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares reuniu especialistas para debater os projetos governamentais voltados para a atividade e o relacionamento entre produtor, empresa e comercialização de plantas medicinais. Segundo a pesquisadora da Epamig Zona da Mata, Maira Christina Marques Fonseca, coordenadora do simpósio, os temas foram selecionados a partir das demandas dos profissionais da área de plantas medicinais, de instituições de ensino e de pesquisa.
Os participantes discutiram a importância da qualidade desde o cultivo, para que o fitoterápico conserve o princípio ativo, passando pela colheita e secagem. Um dos destaques do simpósio foi a participação do coordenador do Programa Ibero-americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (Cyted), do Panamá, Mahabir Prashad Gupta. O Cyted é um instrumento criado para facilitar o desenvolvimento tecnológico e a inovação, mediante a cooperação entre universidades, centros de investigação e desenvolvimento e empresas inovadoras da região ibero-americana.
Fonte: Agência Minas