A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada nesta quarta-feira (5/5), de aumento da taxa Selic de 2,75% para 3,5% ao ano é recebida sem surpresa pela FIEMG, tendo em vista a piora das expectativas de inflação. Contudo, o processo de expansão da taxa de juros, combinado com um cenário de fragilidade econômica e de crise sanitária, gera preocupação.
“A economia brasileira ainda opera com elevado grau de ociosidade, e a recuperação dos setores é lenta e desigual. A atividade industrial vem sofrendo com a escassez de insumos fundamentais à produção. Ao mesmo tempo, o setor de serviços, o mais afetado pelo distanciamento social e responsável por mais de 70% do PIB nacional, registra desempenho inferior ao observado antes da pandemia. Parte da solução, a vacinação em massa, ainda está distante de se tornar realidade”, explicou o economista da Gerência de Economia e Finanças da FIEMG, Izak Silva.
No mercado de trabalho, a taxa de desemprego segue em nível historicamente alto, ao mesmo tempo em que os níveis de confiança dos empresários registram trajetória de queda, reduzindo as intenções de investimento e de contratações de mão de obra. “É evidente a pressão inflacionária provocada, em grande parte, pela desvalorização do real frente ao dólar e pelo aumento dos preços de commodities. Por sua vez, a depreciação do real tem sido influenciada pela percepção de elevado risco fiscal brasileiro”, reforçou o economista.
O desequilíbrio das contas públicas tem sido um entrave para a recuperação econômica nacional e está no balanço de riscos inflacionários do Copom. Portanto, a estabilidade da moeda brasileira também passa por essa importante questão. “Sem o equacionamento das contas públicas, a solução para o fantasma da inflação continuará sendo o aumento da taxa de juros, medida que só tende a prejudicar a retomada do crescimento econômico brasileiro”, finalizou Silva.