Pessoas com elevada taxa de descanso do batimento cardíaco são mais propensas a doenças
Recentemente pesquisadores descobriram um novo motivo para os médicos ouvirem o coração: certos ritmos cardíacos podem fornecer informações importantes sobre a saúde dos rins.
Daniel Brotman, professor de medicina na Johns Hopkins University, e colegas analisaram dados de 13.241 indivíduos que participaram do Estudo de Risco de Arteriosclerose nas Comunidades (ARIC, na sigla em inglês). Os pesquisadores descobriram que os participantes com elevada taxa de descanso do batimento cardíaco são mais propensos a desenvolver um problema no funcionamento dos rins.
Os resultados sugerem que o monitoramento da frequência cardíaca pode ajudar a identificar pacientes com um particular risco de desenvolver uma doença renal no futuro. Os resultados foram publicados on-line em 8 de julho no Journal of the American Society of Nephrology.
A frequência cardíaca é amplamente controlada pelo sistema nervoso autônomo (SNA), que também regula as atividades subconscientes, tais como digestão, respiração e pressão arterial. Estudos anteriores sugeriram que a atividade anormal do SNA, conhecida como disautonomia, estava ligada à doença renal crônica.
Brotman e seus colegas queriam saber se disautonomia precedeu o início da doença renal, pois, se assim fosse, sugeriria um possível mecanismo de como se desenvolve a doença dos rins. Isso poderia trazer pistas sobre como prever o mau funcionamento antes do aparecimento de outros sintomas. Os autores usaram dados do estudo ARIC, que regularmente recolhe informações médicas de um grupo aleatoriamente selecionado (com idades entre 45-64 anos) de quatro diferentes comunidades americanas desde 1987.
Os pesquisadores monitoraram as atividades do SNA usando medições padrões de eletrocardiogramas. Especificamente, examinaram a frequência cardíaca de repouso e variabilidade da frequência cardíaca, ou como a frequência cardíaca varia durante a respiração (em indivíduos saudáveis, a frequência cardíaca aumenta durante a inspiração e diminui durante a expiração). De um modo geral, as pessoas saudáveis tendem a ter uma frequência cardíaca de repouso baixa e alta variabilidade da frequência cardíaca.
Após o ajuste para fatores conhecidos por contribuir para a doença renal, incluindo diabetes, pressão alta, tabagismo e presença de doença cardíaca, os autores estimam que os participantes do estudo com a maior frequência cardíaca de repouso tenham quase o dobro do risco normal de desenvolver doença renal, e aqueles com a menor variabilidade da frequência cardíaca tenham um risco de 1,5 vez.
Enquanto a disautonomia pode ser uma possível causa de mau funcionamento dos rins, os autores concluem que seus resultados não demonstram uma relação de causa e efeito. “Nós esperamos que nossos resultados incentivem pesquisas adicionais para melhor definir o papel do SNA em precipitar e agravar a doença renal em humanos”, escreveram os autores. “Isso, por sua vez, pode levar a novas abordagens terapêuticas, uma vez que os mecanismos de nossos achados são mais bem caracterizados.”
Fonte: Scientific America