Embora tenha maior incidência no inverno, esta doença respiratória ocorre o ano inteiro, atingindo principalmente pessoas dos grupos de risco.
Doentes crônicos têm direito a vacina gratuita fornecida pelo Ministério da Saúde.
Com elevação da temperatura, muita gente pensa estar livre da pneumonia – doença respiratória que, em 2009, provocou mais de 782 mil internações, associadas à gripe, de acordo com o Ministério da Saúde. Entretanto, esta é uma “meia verdade”, segundo o professor doutor Edimilson Migowski, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, doutor em Infectologia e mestre em Pediatria. “No inverno, há maior disseminação da gripe, cujo agente transmissor cria no organismo um ambiente favorável à pneumonia bacteriana”, explica. “Este processo ocorre em pessoas saudáveis. Mas há um grupo de risco de pessoas, que é suscetível à pneumonia o ano inteiro e precisa se vacinar”, adverte.
São os fumantes e asmáticos maiores de 19 anos, pessoas com mais de 60 anos, portadores de doenças crônicas pulmonares, cardiovasculares, renais e metabólicas (como diabetes) e imunocomprometidos (portadores de HIV, pessoas sem baço ou em tratamento com corticóides, radioterapia e quimioterapia). Inclusive, o Ministério da Saúde oferece a vacina gratuitamente para os doentes crônicos maiores de dois anos nos CRIES – Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais.
Apesar desta facilidade, a imunização dessas pessoas é um tema muito negligenciado. “Os médicos indicam pouco a vacina e a população desconhece sua existência”, lamenta Edimilson Migowski. Esta realidade não é só brasileira. O estudo “Barreira para a Imunização de Adultos”, publicado no American Journal of Medicine, revela que cerca de 60% de dois mil norte-americanos entrevistados não se imunizam por falta de recomendação médica.
“Não temos informações precisas sobre cobertura vacinal em grupos de risco no Brasil, mas sabemos que o número de doses distribuído em alguns CRIES do Estado de São Paulo é muito baixo”, afirma a pediatra Lucia Bricks, doutora em Medicina pela USP e diretora de Saúde Pública da Sanofi Pasteur, divisão vacinas do grupo Sanofi-Aventis.
Neste mês, o ACIP – Comitê Assessor em Práticas de Imunização dos Estados Unidos voltou a ressaltar a necessidade da vacinação não apenas dos grupos de risco, mas também de todos os maiores de 65 anos, além de asmáticos e fumantes com mais de 19 anos.
PNEUMONIA E VACINA
A pneumonia é uma infecção pulmonar que pode ser causada por bactérias, vírus e fungos. A maior parte das pneumonias é de origem bacteriana, sendo causadas principalmente pela bactéria Streptococcus pneumoniae, também conhecida por pneumococo. Com início abrupto, tem como sintomas mais comuns febre, calafrios, dor no tórax e tosse. A respiração pode ficar mais curta e dolorosa. Nos casos mais graves, causa falta de ar e coloração azulada em torno dos lábios.
Em grupos de risco, a pneumonia pode ter efeitos devastadores. Na temporada de gripe, os diabéticos têm três vezes mais chances de morrer de pneumonia ou gripe do que as pessoas saudáveis da mesma faixa etária. Hoje, estima-se que haja seis milhões de diabéticos no Brasil, entre 20 a 79 anos. Este número pode chegar a 7,7 milhões em 2030.De acordo com estudo publicado no “Chest”, órgão oficial do American College of Chest Physicians (Sociedade Americana de Medicina Cardiopulmonar), o risco de contrair pneumonia é três vezes maior em pessoas que fumam mais de 20 cigarros por dia do que em quem nunca fumou.
A Sanofi Pasteur disponibiliza no Brasil a vacina conhecida internacionalmente por Pneumo 23, que contém 23 dos 90 sorotipos conhecidos do pneumococo e propicia cobertura contra 90% dos sorotipos com maior capacidade invasiva e resistência aos antimicrobianos. Estudo realizado da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, com mais de duas mil pessoas acima de cinco anos, demonstrou que a proteção conferida por esta vacina foi de 84% no grupo de diabéticos.
Em boletim emitido em setembro de 2010, o ACIP recomendou esta vacina para todas as pessoas ao completarem 65 anos. Integrantes dos grupos de risco que já se vacinaram, devem receber uma nova dose ao completar esta idade, se tiver ocorrido um intervalo de cinco anos da primeira dose.
Fonte: Ministério da Saúde