Talvez porque sejam pequenas heroínas que, com simplicidade, vencem desafios gigantes… Como nós gostaríamos de fazer sempre.
Primeiro, são efêmeras como nós. Quando nascem como borboletas leves, lindas e esvoaçantes, alegram o mundo por apenas algumas semanas.
É a lição da impermanência, que nos faria muito bem aprender.
Depois, saem de um casulo feio, apertado, escuro, onde ficam encerradas por mais tempo do que o tempo de liberdade. Como nós que, destinados ao infinito, temos que atravessar um tempo de limites e dores e morte, até a saída para a luz.
Ainda têm o seu tempo único de romperem o casulo. Se não passam por toda a dificuldade que esse emergir traz a elas, nascem deformadas e não voam. Que ninguém, por pena, apresse o nascimento das borboletas…
Elizabeth Kübler-Ross, a psiquiatra suíça que tanto estudou a morte, encontrou desenhadas nas paredes de Auschwitz, no alojamento das crianças, milhares de borboletas coloridas. Naquele inferno de cinza e dor, a esperança da beleza e da alegria permaneceu como lembrança da força de vida!
Não é à toa que borboletas são símbolos bastante comuns quando se fala de Cuidados Paliativos. Nós mesmos, na Faculdade de Medicina de Itajubá, temos uma borboleta pousada sobre um banco vazio e embaixo de uma árvore frondosa, como o logo que representa o nosso Projeto “A Arte do Cuidar”.
A árvore dá sombra e convida o caminhante exausto a repousar; quando tem frutos, alimenta o peregrino e lhe tira a sede, como os Cuidados Paliativos.
O banco de madeira, rústico e despojado, convida à meditação sobre como a vida é simples quando a vemos pelo olhar do Infinito. De nada servem as posses nem a riqueza; só valem a pena o amor e o cuidado. Como os Cuidados Paliativos.
E enfim a borboleta colorida, sutil e diáfana como a alma deve ser, liberta do casulo rígido do corpo, revivida na transformação, ansiosa por voar, enfim leve e liberta em direção à morada final das borboletas.
Como os Cuidados Paliativos gostariam que fosse a morte!