Com o início do período das chuvas e das altas temperaturas, o número de casos de dengue, chikungunya e Zika tende a aumentar. O vírus da dengue é transmitido por mosquitos fêmea, principalmente da espécie Aedes aegypti. Existem quatro sorotipos que causam a dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
De julho de 2023 até janeiro deste ano, o Brasil registrou 370,205 casos prováveis de dengue, segundo dados do Ministério da Saúde. Conforme a pasta, foram cerca de 182 casos a cada 100 mil habitantes. O número de casos é 17,6% maior que o registrado em 2022. As regiões com os maiores coeficientes de incidência de casos são Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Entre os estados, Acre, Minas Gerais, Espirito Santo e o Distrito Federal apresentam as maiores incidências.
Em meio a alta registrada de casos da doença no Brasil nas primeiras semanas de 2024, medidas de combate e prevenção contra a proliferação do mosquito transmissor da doença precisam ser intensificadas. Conforme o médico infectologista, Werciley Júnior, para o combate à dengue são necessários um conjunto de ações em diversas frentes.
“A estratégia de combate à dengue tem que ser em várias posições. Primeiro, prevenção do indivíduo com a vacinação. Segunda parte de prevenção, os cuidados para prevenir sítios e criatórios, ou seja, higiene, limpeza de terrenos baldios, orientação para todas as famílias para cuidados dentro e fora do domicílio. Terceira coisa, o uso de repelente e outro ponto seria diagnóstico precoce e intervenção rápida, ou seja, pessoas com sintomas ser rapidamente avaliadas e gerar intervenção naquelas comunidades que têm casos aumentados”, avalia.
O Ministério da Saúde recomenda que medidas simples implementadas à rotina podem ajudar na eliminação do mosquito. São indicadas as seguintes ações: evitar deixar água parada em recipientes ao ar livre (potes, garrafas ou outros recipientes que possam acumular água) para que não se tornem criadouros de mosquitos; cobrir adequadamente os tanques e reservatórios de água para manter os mosquitos afastado e evitar acumular lixo.
Morador de Brasília, o empresário Felipe Oliveira, de 30 anos, conta como tem procurado se prevenir contra a dengue. “A gente está redobrando o cuidado aqui em casa. Colocando areia nos vasos de plantas, tirando água da calha, não deixando acumular nenhum entulho, porque realmente tem que ter essa preocupação”, relata.
A dengue pode variar desde uma doença sem manifestação de sintomas até quadros graves com hemorragia e choque. Geralmente, os sinais aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado. O infectologista Werciley Júnior destaca os principais sintomas da dengue.
“Paciente com suspeita de dengue normalmente apresenta febre, dor no corpo associado a dor articular, dor acima dos olhos e muita prostração. Então, na suspeita, o ideal é sempre buscar assistência médica para que possa ser feito um exame de sangue para avaliar a taxa de desidratação do paciente e as plaquetas. Caso o exame não esteja alterado e a pessoa consiga se hidratar, o tratamento base para a dengue sempre é a hidratação”, explica.
Na manhã deste sábado (27) o governo de Minas Gerais decretou situação de emergência devido ao aumento dos casos de dengue, no estado. A determinação, assinada pelo governador Romeu Zema (Novo), foi publicada no Diário Oficial do Estado. O decreto vale por 180 dias. Conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), até a última sexta-feira (26) foram registrados 21.573 casos de dengue. As regiões de Belo Horizonte e Itabira apresentaram os maiores índices de casos.
Além de Minas, o Distrito Federal e o Acre declararam situação de emergência. No DF, até o dia 20 de janeiro, houve 16.079 casos prováveis notificados da doença. Já no Acre, de acordo com o Informe Semanal das Arboviroses Urbanas, entre as semanas epidemiológicas 1 a 3 deste ano foram registrados 1.765 casos prováveis de dengue. Em 2023, houve notificação de 411 casos prováveis.
A partir dos decretos, os estados e o DF vão poder acelerar os processos para a aquisição de insumos e materiais para o tratamento médico dos pacientes e a contratação de serviços.
Aprovada pela ANVISA em 2023, a vacina da Dengue QDenga passa a ser mais um importante recurso na prevenção dos casos de dengue no Brasil. O imunizante possui em sua composição as quatro variantes do vírus causador da doença. No Brasil, a vacinação está prevista para iniciar em fevereiro para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
Conforme o Ministério da Saúde, 521 municípios de 16 estados e o Distrito Federal preenchem os requisitos para o início de vacinação. Ao todo, 5,2 milhões de doses da vacina deverão ser entregues ao longo de 2024. A pasta prevê que cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas neste ano.
Brasil registra 12 mortes por dengue em três semanas
Fonte: Brasil 61