Por Ludmilla Souza
O Dia Nacional do Diabetes, lembrado nesta sexta-feira (26), reforça a importância de hábitos saudáveis em tempos de pandemia. As informações de óbitos de pessoas com associação de covid-19 e diabetes demonstram desafios importantes para a população e para profissionais de saúde.
De acordo com dados relativos à cidade de são Paulo desta semana, o diabetes mellitus está entre os principais fatores de risco (43,1% dos óbitos) associados à mortalidade pela doença, ficando atrás apenas de cardiopatias (58% dos óbitos).
No município, estima-se que 7,4% da população com mais de 18 anos possui diagnóstico de diabetes, segundo o Inquérito de Saúde da cidade de São Paulo de 2015. As pessoas com diabetes, assim como os que possuem hipertensão, neoplasias, obesidade, doenças cardiovasculares e pulmonares, em geral, possuem fatores de risco em comum: tabagismo, atividade física insuficiente, uso nocivo do álcool e alimentação não saudável, dentre outros.
Adotar hábitos de vida saudáveis e de autocuidado é necessário e evita muitas das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como o diabetes, alerta o Programa Cuidando de Todos, da Secretaria Municipal da Saúde, liderado pela área técnica de DCNT da Atenção Primária à Saúde.
Determinados fatores de risco podem contribuir para o desenvolvimento do diabetes: pré-diabetes, pressão alta, colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue e sobrepeso – principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura. Também é preciso estar atento a doenças renais crônicas; mulheres que deram à luz criança com mais de 4 quilos; diabetes gestacional; síndrome de ovários policísticos; diagnóstico de distúrbios psiquiátricos; apneia do sono; uso de medicamentos da classe dos glicocorticoide e pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes.
A doença se divide em dois tipos: tipo 1 e tipo 2. Os principais sintomas do diabetes tipo 1 são fome frequente, sede constante, vontade de urinar diversas vezes ao dia, perda de peso, fraqueza, fadiga, mudanças de humor, náusea e vômito.
Já os do diabetes tipo 2 são fome frequente; sede constante; formigamento nos pés e mãos; vontade de urinar diversas vezes; infecções frequentes na bexiga, rins e pele; feridas que demoram para cicatrizar; e visão embaçada.
Quem tem diabetes, seja tipo 1 ou 2, precisa seguir à risca as recomendações médicas e orientações dos profissionais de saúde quanto à prática de atividades físicas, o consumo de alimentos saudáveis, o sono regular e outros fatores de risco.
“Infelizmente ainda temos pessoas que diagnosticam a diabetes já com a presença de alguma complicação, que são aqueles que foram ao oftalmologista, por exemplo, e viram que já tem alterações de fundo de olho que são compatíveis com diabetes, ou que já tem uma perda importante de proteína na urina, que também já é o início da necropatia diabética”, alerta a médica Karla Melo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenadora de Saúde Pública da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
A principal recomendação para quem tem a doença é ficar em casa e sair apens quando necessário. Ao manter o distanciamento social, a pessoa que tem diabetes reduz a chance de se infectar com o novo coronavírus. No entanto, é importante adaptar-se, alimentar-se adequadamente e manter-se ativo mesmo em casa, pois o sedentarismo tem efeitos negativos na saúde, na imunidade, no bem-estar e na qualidade de vida.
“O importante é se manter ativo, mesmo em seu domicílio, nas tarefas domésticas, não ficar diante da televisão e sim fazendo atividades, arrumando sua casa. Caminhar, com máscaras, ou correr é possível, mas cuidado com a roupa: ao chegar em casa, já lavar a roupa e sempre com o álcool e com os cuidados de se distanciar dos outros no período dessa atividades”, recomenda a médica.
Outras dicas incluem manter hábitos de higiene constantes, como lavar as mãos com água e sabão; higienizar superfícies que possam estar contaminadas; e utilizar máscara individual, como barreira física ao vírus.
Caso o portador de diabetes tome medicamento de uso contínuo, mantenha e siga sempre as orientações dadas pelo médico. No período de epidemia, o paciente pode solicitar uma avaliação para uma receita com validade ampliada, evitando, assim, saídas mais frequentes para a farmácia.
Pessoas com diabetes devem controlar a quantidade de carboidratos ingerida e evitar a adição de açúcar – que eleva a glicemia rapidamente e tem pouco valor nutricional. A melhor escolha de carboidratos são frutas, cereais integrais, leguminosas e laticínios desnatados. A escolha de alimentos in natura e preparações caseiras são melhores que os alimentos ultraprocessados.
“A comida caseira nós conhecemos, sabemos do preparo, ela pode sim ser mais saudável. E tem uma questão importante, nesse período em que os doentes precisam melhorar o controle glicêmico, que é optar por alimentos mais saudáveis e que ajudem a controlar o diabetes”, aconselhou a médica.
Tamém é imporante escolher alimentos de menor índice glicêmico, incluindo alimentos integrais ricos em fibras, aveia, leguminosas como feijões, vegetais e frutas com casca e bagaço, batata doce, inhame; além de incluir gorduras boas, como castanhas, e proteínas magras de boa qualidade, como queijo branco.
A doutora Karla ainda dá uma orientação especial quanto às frutas: “As frutas devem ser ingeridas uma por vez, por exemplo. Se ingerir duas bananas de uma só vez a elevação da glicemia é bem maior do que se ingerir apenas uma banana. Então [a recomendação] é ingerir frutas, legumes, verduras e hidratar-se muito bem”.
Para quem tem diabetes tipo 2 e tem excesso de peso, a prioridade é a perda de peso para melhora da resistência à insulina. Para isso, o total de carboidratos é importante, mas também o total calórico e as escolhas saudáveis em geral.
Quem utiliza insulina ou outros medicamentos que aumentam os níveis de insulina, deve monitorar os níveis de glicose e ter sempre consigo algum carboidrato de ação rápida para casos de hipoglicemia.
Diabéticos devem manter uma alimentação equilibrada, regular, variada e natural; fracionar de três em três horas as refeiçõespara evitar hipoglicemia e descontrole da fome, resultando em maior ingestão de alimentos após longos períodos sem alimentar.
O controle de açúcar, sal, frituras, colesterol e gordura saturada é bom para todas as pessoas, inclusive para quem tem diabetes. Consuma menos de 2g de sódio por dia, o que equivale a 5g de cloreto de sódio e utilize temperos frescos, que dão sabor à comida e diminuem a adição de sal.
Para as pessoas com diabetes, a prática de exercício físico é muito benéfica. Ela auxilia na perda e manutenção de peso, no aumento da sensibilidade à insulina e no melhor controle dos níveis sanguíneos de glicose no sangue.
Dentro de casa é possível simular uma caminhada: ande, no mesmo lugar, movimentando bem os braços ou ande de quatro a seis passos, vire e ande mais quatro a seis passos; repita durante 15 minutos e aumente o tempo para até 30 a 40 minutos: inicie de uma a três vezes por semana e aumente gradativamente.
Em abril, a Agência Brasil publicou matéria, com vídeos, sobre como se exercitar em casa, durante a pandemia.
De acordo com especialistas, o estresse, associado a outros fatores de risco, pode ser muito danoso, principalmente durante a pandemia, que vem aumentando a pressão psicológica e ansiedade e o estresse, que provoca excesso de atividade do sistema nervoso e pode elevar a pressão arterial e o nível de colesterol. O estresse também estimula o hábito de fumar, provoca excessos alimentares e aumenta em 60% o risco de infarto.
A exposição constante a notícias também pode levar à ansiedade, depressão e ao estresse. Siga notícias confiáveis e evite boatos e fake news. A pandemia também pode ser uma oportunidade para aproveitar momentos em família.
Edição: Denise Griesinger