
Há 32 anos, o dia 21 de setembro foi instituído como o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência no Brasil, para nos chamar à reflexão e à construção de uma sociedade com mais oportunidades, mais justa e inclusiva.
Muitos dizem que essa é uma data para comemorar. Mas será que realmente temos motivos para comemorar?
Sim, precisamos reconhecer e agradecer a Deus por tantas conquistas já alcançadas: mais visibilidade, mais oportunidades e o reconhecimento de direitos. Essas vitórias são resultados de muita luta e perseverança, e não podem ser ignoradas de forma nenhuma. Mas a verdade é que, mesmo após mais de três décadas, essa “luta” parece não ter fim.
De que adianta termos leis se, na prática, a pessoa com deficiência continua sendo vista como incapaz, improdutiva ou mesmo invisível? Será que não estamos apenas repetindo discursos bonitos para encobrir uma realidade que ainda persiste?
O capacitismo, o bullying, a falta de respeito, de empatia e de amor continuam sendo os grandes obstáculos. Vivemos em uma sociedade marcada pela pressa, pela busca incessante da perfeição e da produtividade, onde crescem a ansiedade, o individualismo e as doenças mentais. Nesse cenário, será que aqueles que possuem limitações ou dificuldades — e que por isso podem produzir em outro ritmo — estão sendo reconhecidos pelo que são em essência?
Será que temos olhado para as pessoas com deficiência com os olhos de Cristo? Ou continuamos enxergando apenas limitações, esquecendo que cada vida é um reflexo do amor de Deus? Afinal, todos fomos criados à Sua imagem e semelhança (Gn 1,27), e diante Dele, ninguém é menos importante. Jesus, em sua caminhada, nunca se deteve diante das limitações humanas, muito pelo contrário, acolheu, tocou, curou e mostrou que o valor de cada pessoa vai muito além daquilo que o mundo chama de produtividade.
Por isso, mais do que uma luta por direitos, o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência é também um chamado à conversão de nossos corações. Um convite a enxergar no outro não apenas um diagnóstico ou suas limitações, mas a sua dignidade como filho e filha de Deus.
Porque, no fundo, o que realmente está em jogo não é apenas inclusão, acessibilidade ou cumprimento de leis. O que está em jogo é a capacidade de olhar para o outro e enxergá-lo, antes de qualquer coisa, como um ser humano.
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12,31).
Por Eduardo Sato – Pai do Rafael de 13 anos que tem a T21, idealizador e coordenador da 1ª equipe de Futsal Down do Sul de Minas, o @t21arenapark.