O samba Pecado Capital, composto e interpretado por Paulinho da Viola, há muito alerta aos desafortunados: “DINHEIRO NA MÃO É VENDAVAL“. Mas será que é isso mesmo? Vivemos apenas para pagar os “amaldiçoados carnês” de todo santo mês? Nunca conseguiremos realizar nossos sonhos? A casa própria, o carro zero, a viagem de férias e o smartphone de última geração é privilégio para poucos?
Bem, grande parte da população brasileira considera que essa dura realidade será uma sina a ser enfrentada por toda vida. Percepção essa que acaba sendo reforçada quando nos deparamos com notícias do tipo:
Então podemos concluir que o samba do Paulinho da Viola está certo? Veja como a música continua: …Na vida de um sonhador/De um sonhador!/Quanta gente aí se engana/E cai da cama/Com toda a ilusão que sonhou/E a grandeza se desfaz.
Bem, felizmente essa conclusão está incorreta. E aí você pode se perguntar: Mas como então, eu, um sonhador, posso transformar meus sonhos em realidade? A resposta é simples:EDUCAÇÃO FINANCEIRA. E aí, imediatamente, surge outra pergunta um pouco mais complexa: Mas afinal, o que é essa “tal” de educação financeira?
Se você fizer uma busca na internet, encontrará vários conceitos e diversas definições propostas por estudiosos (acadêmicos) e também por profissionais que atuam no mercado financeiros. Mas, de maneira geral, penso que educação financeira deve ser considerada como sinônimo deEQUILÍBRIO. Para deixar mais claro esse conceito, podemos usar como exemplo as mesmas notícias já apresentadas.
O endividamento por exemplo (notícia do item 1), tem como principais causas o atraso no pagamento do cartão de crédito (76,6%), os carnês (15,1%) e o financiamento de carro (10,2%). Ou seja, as pessoas acabam usando de modo inadequado oCRÉDITO, o que desequilibra e comprometendo, a maior parte da renda, que já é baixa (como destacado na notícia do item 4).
A notícia do item 5, que trata dos juros também é um excelente exemplo. Uma taxa de juros de 63,3% ao ano significa que, ao tomar emprestado R$ 100,00, após 12 meses você terá que devolver ao credor R$ 163,30. Ou seja, você devolve os R$ 100,00 iniciais, mais R$ 63,30 referentes exclusivamente aos juros. O valor relativo aos juros (R$ 63,30) é quanto você paga para utilizar o dinheiro de outras pessoas. Ou seja, se usar o dinheiro dos outros é tão caro, você deve usá-lo apenas em situações extremamente especiais. Por isso, mais uma vez é preciso ser equilibrado também ao fazer um empréstimo ou comprar itens de forma financiada (evitar o crediário).
Como você pôde perceber, a educação financeira é um processo de formação, em que as pessoas desenvolvem valores e competências relacionadas ao uso consciente e equilibrado do dinheiro. Esse processo, portanto, possibilita que as pessoas fiquem mais bem informadas sobre as situações do dia-a-dia e tomem decisões que acabam melhorando o bem-estar financeiro pessoal, familiar e também da comunidade.
Isso quer dizer então que você deve parar de comprar as coisas e apenas guardar dinheiro? Bem, essa também pode não ser a melhor opção. Como já dissemos, é necessárioter equilíbrio. No mundo em que vivemos atualmente, é quase impossível vivermos sem consumir. Além disso, não podemos deixar que a avareza transforme a nossa vida em solidão. A música do Paulinho da Viola também proclama: …Mas é preciso viver/E viver/Não é brincadeira não.
Você já percebeu então que é possível sim realizar os seus sonhos. Para isso, basta manter dinheiro na mão e se proteger dos vendavais do consumismo. Esse é um dos princípios da Educação Financeira.
Prof. Dr. André Luiz Medeiros
DENARIUS – Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação Financeira
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão (IEPG)
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
Fonte: Conexão Itajubá / Panorama FM