
Olá pessoal!
Já percebeu que a relação entre dinheiro e felicidade sempre gerou debates? De um lado, há quem diga que o dinheiro não é tudo. Do outro, quem defenda que sem ele é impossível viver bem. A ciência mostra que nenhuma dessas visões, isoladamente, dá conta da realidade. O dinheiro, por si só, não garante felicidade. O que realmente faz diferença é o chamado bem-estar financeiro, isto é, a sensação de segurança e tranquilidade que cada pessoa sente ao lidar com suas finanças.
Várias pesquisas científicas destacam que o bem-estar financeiro não se limita a ter dinheiro no bolso. Ele envolve a capacidade de sustentar a vida presente e a confiança de que será possível realizar planos no futuro. Pagar as contas em dia, ter um pequeno colchão para emergências e planejar a aposentadoria ou a educação dos filhos são exemplos de fatores que aumentam essa percepção de segurança. Quando essas duas dimensões (presente e futuro) estão equilibradas, a pessoa tende a sentir menos ansiedade, mais liberdade e, consequentemente, mais satisfação com a vida.
Nesse cenário, o tamanho do salário importa, mas não é o principal determinante. O que realmente pesa são os comportamentos financeiros. Quem planeja seus gastos, poupa regularmente e evita compras por impulso costuma ter mais tranquilidade. Já aqueles que gastam sem controle, vivem no limite do cartão de crédito e acumulam dívidas sofrem mais com estresse e preocupações. Basta observar a diferença, por exemplo, entre duas famílias aqui em Itajubá, em que os pais trabalham na mesma empresa e rendas são parecidas. Uma se organiza, guarda um valor mensal e mantém as contas em dia, enquanto a outra não controla os gastos e recorre a empréstimos. A primeira pode se sentir mais tranquila, mesmo sem ganhar mais.
Outro ponto central revelado pelos estudos é a importância da educação financeira. Conhecer conceitos simples, como juros, inflação, prazos de pagamento e diferenças entre modalidades de crédito, ajuda a tomar decisões mais conscientes e a evitar armadilhas. Muitas vezes não é a falta de dinheiro que causa angústia, mas o desconhecimento. Uma família pode ganhar pouco e ainda assim viver com mais tranquilidade, se souber avaliar o impacto de uma compra parcelada ou o risco de entrar no cheque especial. Por outro lado, há quem tenha salários maiores e mesmo assim viva endividado, justamente por não dominar essas noções básicas. Na hora de comprar um eletrodoméstico, por exemplo, quem conhece o impacto dos juros pensa duas vezes antes de parcelar em 12 vezes. Muitas vezes vale a pena esperar dois meses, juntar o valor e comprar à vista.
O dinheiro mal administrado, inclusive, pode gerar mais frustração do que satisfação. O consumo compulsivo, muitas vezes motivado pelo desejo de status ou pela busca de prazer imediato, não traz felicidade duradoura. Comprar por impulso pode até dar uma sensação de alegria momentânea, mas logo se transforma em preocupação quando a fatura chega. É o caso de quem troca de celular ou compra aquela TV de 70 polegadas em 8k, com regularidade e sem necessidade, e depois precisa cortar gastos essenciais para pagar as parcelas.
O que a ciência mostra, portanto, é que o dinheiro deve ser visto como uma ferramenta. Ele contribui para reduzir o estresse, oferecer segurança e ampliar escolhas, mas a verdadeira felicidade está no equilíbrio. Saber usar os recursos de forma consciente, sustentar o presente sem abrir mão de um futuro mais estável e ainda reservar espaço para pequenas alegrias cotidianas, é o que aproxima as pessoas do bem-estar financeiro.
Assim, quando alguém pergunta se o dinheiro traz felicidade, a melhor resposta é que ele ajuda, mas só quando é bem administrado. A tranquilidade, a segurança e a liberdade de escolhas dependem menos do quanto se ganha e muito mais da forma como se organiza e se planeja. Afinal, não é a quantia que define a felicidade, mas o modo como transformamos o dinheiro em qualidade de vida.
Esperamos que tenham gostado do nosso painel de hoje. Até a próxima!
AUTORES: Prof. Dr. André Luiz Medeiros e Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo