Nos últimos anos, a incidência de doenças renais crônicas (DRC) tem aumentado no mundo. De acordo com o último censo realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, mais de dois milhões de brasileiros sofrem com algum estágio da insuficiência renal. Especialistas já se referem à doença como a epidemia do novo século. E um fato preocupante é que apenas 3 em cada 10 brasileiros já fizeram exame para avaliar a função renal, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em março deste ano. E essa avaliação é fundamental para diagnosticar a doença ainda em estágio inicial.
A insuficiência renal crônica é a perda lenta e progressiva das funções renais. Os primeiros sintomas perceptíveis são inchaço dos olhos, pés e pernas, mal estar, alterações na urina e fraqueza, o que pode estar relacionado à anemia. Além disso, doenças comuns aos brasileiros, como diabetes e hipertensão, figuram como as principais causas dos problemas nos rins. O diagnóstico de uma dessas doenças deve ser encarado como um alerta para possíveis problemas nos rins e o acompanhamento médico é fundamental em todos os casos.
Se os rins param de funcionar é necessária a realização da diálise, filtragem do sangue por meio de máquinas. Esse procedimento faz com que o paciente precise ir ao hospital três vezes na semana, gera incômodo e compromete a participação do indivíduo em atividades. Nestes casos, apenas o transplante pode interromper a necessidade de diálise.
Uma das principais complicações da doença renal crônica é a anemia renal. Quando é constatada a falência dos rins, os pacientes não conseguem secretar eritropoietina, hormônio produzido pelos rins que estimulam a fabricação de glóbulos vermelhos na medula óssea. Sendo assim, eles desenvolvem anemia renal, diagnosticada através do exame que mede os níveis de glóbulos vermelhos. A anemia pode acometer os pacientes com DRC já nos estágios iniciais, estando cada vez mais presente à medida que ocorre perda progressiva das funções renais.
Em grande parte dos casos, quando tratada tardiamente, a anemia renal contribui para o aparecimento de complicações cardiovasculares, como o aumento do tamanho do coração e aceleração no ritmo de bombeamento do sangue em busca de uma espécie de compensação para a falta de oxigenação no corpo.
A boa notícia é que o tratamento para a doença está evoluindo de forma positiva. Várias terapias estão em estudo e uma nova classe de medicamento chegará em breve ao Brasil e promete tratar a anemia renal e devolver a qualidade de vida aos pacientes.
* Dr. Fernando Tatsch, médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul é gerente médico da Roche
Sobre a anemia renal e a DRC
– A doença renal crônica é muito mais comum do que se imagina e não costuma apresentar sintomas nos estágios iniciais.
– Embora incomum nos estágios iniciais, a anemia relacionada à doença renal crônica aparece em virtualmente todos os pacientes com doença mais avançada. No Brasil, 70 mil pessoas têm doença renal em estágio avançado e, conseqüentemente, sofrem de anemia;
– A doença renal crônica contribui para o aparecimento ou a piora das doenças cardiovasculares. Nestes pacientes a anemia é um dos problemas mais sérios;
– Projeções apontam que o número de especialistas terá que dobrar até em 2010 para atender as necessidades da crescente população que já possui doença renal, anemia e todas as demais complicações
Fonte: Mircera´s Report Guide (estudos realizados pela Roche) e Sociedade Brasileira de Nefrologia