Eu uso este espaço para contar histórias de outros autores, escrever mensagens de pessoas que nem conheço, elogiar atitudes de amigos, relatar homilias de sacerdotes etc. Tenho certeza que muita coisa vem até mim por vontade Divina e estavam reservadas para preencher estas linhas. Hoje, por exemplo, recordo o dia que vi sobre a mesa este texto de minha filha:
“Olá, Margarida, tudo bem? Meu nome é Soraia, sou amiga da Thalita, nós temos em comum a grande paixão pela dupla Sandy e Júnior… hehe. Minha mãe se chama Fátima, ela vai dar uma palestra sobre o perdão e, através dela, eu soube que você iria fazer o cursilho. A gente não se conhece, mas mesmo assim eu gostaria de lhe escrever uma carta, pois, em minha experiência no Jovisa, vi o quanto é importante recebermos uma carta de alguém.
Bom, primeiramente, quero desejar que você faça uma ótima experiência em sua vida aí no cursilho, pois é realmente um encontro com Cristo; embora eu não tenha feito, não tenho dúvidas disso! Todos que saem daí ficam maravilhados, são imensamente tocados por Ele, e com você não será diferente, porque Jesus ama a cada um de nós independente de nossos atos ou nossa raça.
O mundo anda muito cruel, não é mesmo? Não temos mais oportunidades de sermos ‘felizes’ se não formos fisicamente bonitas, ricas e viciadas num cigarrinho ou num sexo sem compromisso. É isso que o mundo espera de nós! Mas será que somos realmente felizes agindo desta maneira? Será que uma pessoa idosa ou de origem humilde e sem beleza física não tem o mesmo direito à felicidade? Isso é uma coisa que me deixa muito triste hoje em dia, sabe.
Eu ligo a televisão e o que vejo? Nem é preciso dizer, né? Infelizmente, o nosso país retrata somente prostituição, somos vistas como seres descartáveis nos quatro cantos do planeta. Carnaval não deveria existir, é uma perdição total! E o mais triste é que não precisava ser assim: poderiam dançar o mesmo axé com letras menos vulgares, poderiam ‘cair na folia’ sem ter que beijar qualquer um, poderiam festejar sem necessidade de preservativo.
Essas coisas mundanas me deixam profundamente magoada, eu tenho até medo de pôr um filho no mundo, pois não quero que ele veja o que estamos vendo, não quero que ele sofra como estamos sofrendo. Isso sem contar a violência que está cada vez mais absurda, inúmeras pessoas morrem sem saber o porquê, bandidos matam e dormem tranquilos, políticos usam o dinheiro dos miseráveis pra se divertirem com suas amantes… é vergonhoso!
Estou relatando tudo isso, não pra lhe deixar triste, mas pra lhe dizer que aí dentro você verá que nem tudo está perdido, que ainda existe alguém que pode transformar todo esse joio em trigo: Jesus! Ah, e não podemos nos esquecer daquela que, com todo amor, nos carrega nos braços: Maria! Jesus e Maria, a dupla infalível!
A única coisa que lhe peço é que você leve ao mundo tudo que vivenciar no cursilho: leve esperança, leve alegria, leve amor ao próximo, pois essa é a maior caridade que podemos fazer aqui na Terra. Deus não se importa se estamos desempregadas, se temos poucos dólares na carteira, se temos um passado ruim, se cometemos uma falha imperdoável aos olhos humanos, se não temos medidas de modelo… Deus ama na essência, ama nosso interior, valoriza aquilo que somos por dentro, ama com verdadeiro amor.
Deus quer renovar a sua vida, desde que você O leve para onde for. E esteja pronta para provações, sem desanimar. É como diz a música: ‘segura na mão de Deus e vai’. É muito triste quando alguém só procura Deus quando está gravemente doente. Deus não é uma ‘aspirina’, Ele não quer ser lembrado apenas nos momentos de aflição. Ele quer estar conosco na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, em todos os momentos da nossa vida!
Desde já, desejo a você uma vida de muitas alegrias, pois, para Ele, nunca é tarde pra recomeçar! Com o sangue de Jesus, tudo pode ser mudado! Um forte abraço, Soraia Labegalini.”
Lendo isto, um amigo do nordeste concluiria: ‘Proonto!’. E o pai do meu genro, lá do sul, diria, como de costume: ‘É isso aí!’.
Se soubéssemos o quanto Deus insiste para vivermos no Seu amor, estaríamos aproveitando os ensinamentos do cursilho de cristandade desde criança! Veja esta história que uma amiga me contou no encerramento das missões vicentinas:
Um homem chegou ao Céu e imediatamente recebeu os parabéns de Jesus, por tê-Lo servido por muitos anos. E conversaram:
– Mas, quando foi que lhe servi, Senhor?
– Aqueles pães que você dava ao pobre na porta de sua casa, eu mesmo, em pessoa, os recebia.
– Nossa, por misericórdia, perdoe-me! Se eu soubesse que era o Senhor, teria passado manteiga!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).