Renda no laranja com viés de vermelho (piora). Os mercados trabalham com a revisão constante da expectativa do produto para baixo. Os últimos números de expectativas estavam em 0,83% de queda para o PIB em 2015. Estimativas mais pessimistas davam 1,25% de queda. Ainda são apostas. Os números do setor industrial apontam queda significativa, de mais de 4%. Serviços deve ser o setor que vai definir o tamanho da retração da economia.
Emprego no amarelo com tendência de laranja (piora). O emprego mais uma vez é o fundamento com maior piora. Setor de comércio corta muitas vagas para readequar seus quadros aos novos patamares de demanda.
Inflação no laranja com tendência de vermelho (piora). Embora o Presidente do BC tenha saído em defesa da tese de que a inflação perderá folego no segundo semestre, o que se ve por enquanto é muita indefinição. As revisões de tendência foram de alta da inflação, pelas prévias do IPCA, principalmente (a inflação acumulada em um ano já passa 8%).
Contas Públicas no laranja com tendência de vermelho (piora). O dilema das CP é que mesmo que o governo reduza gastos, o equilíbrio irá depender também da arrecadação. Com a economia em retração, a receita do setor público tende a cair e compromete os esforços para aliviar o déficit. A situação neste fundamento é muito difícil de controlar e os resultados da política da equipe econômica ainda não são claros.
Comércio Exterior no vermelho com tendência de laranja. Mantemos a previsão para este fundamento. Entretanto, os resultados ainda não aparecem como deveriam, isto é, melhorando a situação do déficit. O único elemento deste fundamento que teve uma melhora foi o gasto dos turistas brasileiros no exterior, que mostrou em fevereiro.
A situação permanece no laranja com tendência de piora (vermelho). A palavra chave para entender o que está acontecendo é: inercia. A piora geral dos indicadores da economia brasileira está ocorrendo neste momento pela inércia da deterioração que já vem acontecendo desde o início do ano. A ação da equipe econômica no sentido de melhorar os resultados fiscais (déficit) via corte de gastos, e as tentativas de conter a inflação vem trazendo algum resultado, na medida em que desacelera a piora dos fundamentos da economia. Mas o êxito ainda está condicionado a muitos fatores difíceis de controlar, principalmente no campo político. O destaque positivo foi a manutenção do grau de investimento atribuído pela agencia de risco Standard Poors. Este acontecimento tem dois lados: um alivio temporário e um alerta, uma vez que está claramente condicionado ao êxito da política fiscal. Ainda é significativa a deterioração do fundamento emprego que, como na última medição, começa a sentir a influencia da piora dos outros indicadores macroeconômicos. As contas públicas e o comércio exterior mantém o nível de alerta máximo. O comércio exterior não se recupera e continua indicando negativo nos resultados da BC. Renda mantém expectativa de queda, cada vez mais percebida pelo mercado. A inflação pode estar perdendo força por conta da apreciação cambial do Real (na semana). Mais é cedo para se ter uma tendência definida.
A briga da equipe econômica e do governo para tentar controlar o rumo da economia, que está em fraca queda desde o início do ano, parece começar a tomar forma. Existe sim uma reação do paciente ao tratamento, mas esta reação ainda está longe de ser a desejada pela sociedade. Na verdade, os sinais bons dizem respeito a uma possível mudança futura da expectativa dos agentes, mas do que a uma melhora real ou concreta dos fundamentos. 2015 já é tratado, até pelo governo, como o ano perdido.