Em reunião anual da Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento, em Genebra, especialistas dizem que os sinais da recuperação ainda são frágeis.
O mundo pode passar por uma segunda onda de recessão caso os países não coordenem sua resposta à crise internacional.
O alerta foi feito, nesta quinta-feira, por economistas que participam da sessão anual da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, com sede em Genebra, na Suíça.
Desemprego
Segundo analistas, os sinais da recuperação mundial ainda são frágeis. Para eles, o perigo é real caso os países que investiram em pacotes de estímulo fiscal suspendam a iniciativa prematuramente. Um outro fator de risco são as altas taxas de desemprego.
O economista da Comissão Econômica para América Latina e Caribe, Carlos Mussi, falou à Rádio ONU, de Brasília, sobre os riscos.
“Há um temor de que a retirada ou revisão da posição fiscal de alguns países industrializados venha diminuir o impacto da expansão do gasto público, do investimento, criando instabilidade no cenário do investimento tanto público como privado. Desta forma, as economias cresceriam menos quando ainda não recuperaram os níveis de emprego anterior à crise”, explicou.
Países Emergentes
Para Mussi, se houver uma segunda leva de recessão global, os países emergentes terão grandes chances de resistir de novo.
“Há uma característica importante da recuperação dos grandes países emergentes é que eles se basearam no mercado doméstico. O comércio exterior é um fator importante, mas não crucial paras novas trajetórias de crescimento. O perigo é que os impactos de uma segunda recessão nos países industrializados criem turbulência no mercado financeiro internacional alterando a trajetória de alguns países emergentes. Mas seria um impacto financeiro não tanto um impacto na produção”, disse.
Bancos
Na reunião da Unctad em Genebra, o secretário-geral da agência, Supachai Panitchpakdi, afirmou que as medidas para revitalizar os setores financeiro e bancário não provocaram, até agora, o resultado esperado.
Panitchpakdi contou que os bancos estão registrando altos lucros, mas na maioria dos casos através de aplicações. Ele afirmou que as instituições não estão emprestando dinheiro às empresas que, por sua vez, poderiam aumentar a produção e contratar mais trabalhadores.
A Unctad alertou que muitos dos novos empregos, criados nos países em desenvolvimento, estão surgindo no setor informal. Essa medida não garante segurança a longo prazo e nem salários que possam estimular o crescimento econômico.
Fonte: Rádio ONU em Nova York.