Blasfemar nunca foi um de meus pecados. Em todas as dificuldades que vivi – e não foram poucas! –, continuei rezando e agradecendo pelo dom da vida, sempre com esperança de receber mais uma grande graça. Tenho dito às pessoas aflitas que, perseverando na fé, um dia irão entender os motivos das provações que estão passando.
Eu também não poderia imaginar em 1983 que, ao perder uma menina na semana do parto de minha esposa, seríamos tão abençoados três anos depois. O Alexandre, nosso terceiro filho, chegou para comprovar o presente que recebemos ao acreditar no amor de Jesus Cristo. Hoje, temos uma filha que intercede por nós no Céu e outros três conosco aqui na Terra – tudo pela graça de Deus!
Há uma história de um professor que pediu para os alunos levarem batatas e sacolas de plástico na aula. No dia seguinte, ele os orientou a separarem uma batata para cada pessoa que sentiam mágoas, escrevessem os seus nomes nas batatas e as colocassem dentro das sacolas. Algumas ficaram muito pesadas, e a tarefa consistia em, durante algumas semanas, levarem a todos os lugares as sacolas com batatas.
Naturalmente, o aspecto das batatas foi se deteriorando com o tempo e o incômodo de carregar as sacolas mostrava-lhes o tamanho do peso espiritual diário que a mágoa ocasiona. Ao colocarem a atenção nas batatas para não esquecê-las em algum lugar, os alunos também deixavam de priorizar outras coisas que eram importantes para eles.
Esta é uma grande metáfora do preço que se paga, todos os dias, para manter consigo a dor, a raiva e a negatividade. Principalmente quando damos importância aos problemas não resolvidos ou às promessas não cumpridas, nossos pensamentos enchem-se de mágoa, aumentando o estresse e tirando nossa alegria. Rezar, perdoar e deixar estes sentimentos irem embora é a única forma de trazer de volta a paz e a felicidade.
E após algumas semanas, o professor disse aos alunos que poderiam ir jogando fora as batatas que tivessem os nomes das pessoas que deixaram de ter ressentimentos. Mas, para isso, teriam que tomar a iniciativa de procurar cada desafeto e pedir ou dar o seu perdão. Com o tempo, muitos sacos ficaram quase vazios e, rapidamente, outros se esvaziaram completamente!
Da mesma forma, aprendendo a dar graças a todo momento, estaremos deixando de colocar ‘batatas’ nas nossas sacolas espirituais. E como é bom estar em paz com a consciência e sorrir para a vida! Eu me lembro que, antigamente, saía do caminho de algumas pessoas para não precisar cumprimentá-las, e ainda dizia: ‘Perdi o meu dia hoje!’ Na verdade, eu perdia o dia sim, mas por deixar de perdoar e de receber mais graças do Céu.
Com a experiência e a espiritualidade de agora, se eu tivesse que orientar você a viver com alegria e ser mais abençoado a cada momento, diria assim:
Albert Einstein dizia: “Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornara assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto”. E Dom Helder Câmara, sabiamente completou: “Só sabe receber quem primeiro se dá”.
Portanto, dar graças é a condição necessária para receber graças e se doar ao próximo. A consequência disso, como todos sabem, é se aproximar do Reino de Deus. Existe coisa melhor do que isso? Quem já experimentou o imenso amor do Pai sabe que nada pode superar tamanha bondade! Mas, também gosto disto que li há pouco:
‘Se for para esquentar, que seja no sol. Se for para enganar, que seja o estômago. Se for para chorar, que seja de alegria. Se for para mentir, que seja a idade. Se for para roubar, que seja um beijo. Se for para perder, que seja o medo. Se for para cair, que seja na água. Se for para ter guerra, que seja de travesseiros. Se for para ter fome, que seja de amor. Se for para ser feliz, que seja o tempo todo.’
Muito legal, porém, não custa dizer que, nas dificuldades, cada caso é um caso e os Dez Mandamentos devem prevalecer em qualquer situação. Quem obedece a Deus, colhe os melhores frutos de todos os tempos. Pena que nem todos acreditam nisso e alguns até preferem viver no pecado. Se ao menos dessem graças de vez em quando, já seria um bom começo.
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).