A tarefa de interagir com um cavalo, fazer com que ele compreenda suas intenções,andando, trotando, galopando e parando ao comando humano requer prática de professor de escola primária. O treinador, que está prestes a se tornar um líder, deve, portanto, agir como um professor de uma escolinha onde vai ensinar os alunos no caso cavalos a aprender a aprender. Um cavalo jovem preserva em si toda carga selvagem de uma evolução de 40 milhões de anos. Portanto, age como aprendeu com seus ancestrais, ao menor sinal de perigo ele foge e o homem sempre representou um grande perigo e que agora terá que mostrar que está bem intencionado para poder ensinar ao jovem cavalo como fazer ao ser solicitado. Não é uma tarefa fácil, exige muito conhecimento, bom senso, perseverança e muito controle emocional. Pessoas que não atendem a estes quesitos não servem para ensinar jovens, tanto homens quanto cavalos.
A missão de ensinar a aprender é uma arte que se adquire com muita prática. Imagine ensinar um bólido selvagem forjado para correr e se defender, a se controlar e aceitar o homem como seu amigo e líder, mantendo a calma e controlando o instinto de fugir sem ser subjugado e humilhado, aceitando a nova vida a que será submetido. Um renomado horsemanchip americano disse em um de seus livros que se a tarefa de domar um cavalo seque uma tabela que vai de 0 a 10 a fase mais importante é a que vai de 0 a um. É a parte que se ensina um potro a aprender a manter a calma e a concentração para que se inicie o verdadeiro aprendizado que envolve muitos estímulos, linguagem corporal e sons. Seria impossível uma tarefa desta em um descampado onde um cavalo sempre mantém uma distância de segurança (que é de mais ou menos 600 metros), teria que ser em um redondel ( curral circular de 14 metros de diâmetro ) ou mantendo contato através de uma guia girando o potro em volta e si, assim se mantém a atenção voltada para o domador já que a distancia de segurança não existe mais. Neste caso, assim como na manada, o potro pede, através de uma linguagem corporal, uma negociação com o domador já que não consegue fugir e se vê prestes a sucumbir e o domador por sua vez,conhecendo a linguagem eqüina, assume o controle da situação e passa a ter a atenção do jovem cavalo. Criasse então um relacionamento de dependência do potro em relação ao domador que se valendo de seus conhecimentos da vida dos cavalos assume o aprendizado que levara anos até que o potro esteja realizando várias tarefas, muitas delas que ele não faria na sua vida selvagem.
Gosto de fazer analogia entre ensinar cavalos e ensinar crianças. É claro que se trata de duas situações distintas mais em muita coisa há combinação, por exemplo, manter a atenção das crianças e dos potros, criando um ambiente agradável de ensino, uma liderança inteligente e uma situação em que o professor assume a função de líder e amigo sem interferir na natureza dos alunos, causando sempre uma boa primeira intenção, fundamental no relacionamento com cavalos. Toda iniciação deve ser feita com critério e cuidado para não criar nos jovens alunos desinteresse pelo aprendizado e terem sempre vontade de fugir. Isso é muito comum quando o trabalho é feito por quem não tem conhecimento do que faz ou possui personalidade instável, ansiosa ou violenta. Muito talento é estragado por um trabalho mal feito por falta de conhecimento ou por energia exagerada. Os cavalos se revoltam quando submetidos a muita pressão.
Quando um potro é iniciado seguindo as técnicas universais de comunicação e interatividade, que são ensinadas e aprendidas pelo mundo através dos muitos homens e mulheres amantes dos cavalos, fica mais apto a aprender o que temos para lhe ensinar e poderá realizar tarefas durante toda a vida se tornando um grande aliado do homem.