O autor do texto nos aconselha a não querer ser jovem novamente, a abrir mão da beleza exuberante, do frescor da pele jovem, da firmeza dos músculos, da barriguinha de tanquinho, da memória infalível. Isso também inclui não exagerar nas roupas que só caem bem nos jovens ou nas jovens. Até já li alguma frase de alguma entendida em etiqueta de quem agora não me lembro o nome, que diz que nada envelhece mais do que querer parecer jovem para sempre. É verdade. Portanto, é um alívio poder relaxar e deixar acontecer, acolher a velhice com aceitação e bom humor, pois sem o senso de humor a vida fica difícil, até para os jovens.
Há uma luta natural que nos impele a não aceitar a velhice, mas logo nos damos conta de que não há como deter a lei natural da vida. Muitas plásticas, procedimentos cirúrgicos, ou mesmo umazinha que seja (eu confesso que já fiz uma) trará uma alegria momentânea e a ilusão passageira de ter bebido da fonte da juventude eterna e de ter o viço de volta às nossas faces e corpos, mas a velhice logo reclama e aflora aqui e ali mostrando que sua hora já chegou e lá vem com as suas damas de companhia, as rugas, os pés-de-galinha, bigodes chineses, e outros mais. É uma tortura lutar contra isso.
É relaxar, é desapegar-se da imagem de jovem que não voltará. É verdade, ter equilíbrio para as roupas, ter cuidado com maquiagem exagerada. Nada mais triste do que uma velha fantasiada de moça. Nada mais triste do que uma velha querendo viver paixões e prazeres desenfreados. Isto não quer dizer que o amor e o relacionamento entre pessoas mais velhas seja ridículo, não, o amor nunca será ridículo, o companheirismo nunca será ridículo, o sexo nunca será ridículo, a menos que nós os façamos assim.
A despeito de tudo isso, não se pode negar que convivem dentro de nós, a criança, o jovem ou a jovem que já fomos. Sim, somos a mesma pessoa com uma história construída, com lembranças e emoções. No fundo não passamos de crianças que apenas cresceram. Mas essa fase já passou. A menina e a jovem que fui são bem acolhidas em meu interior, tenho o maior carinho por elas porque elas que me sustentam, sem elas e a visão de vida que tiveram, eu não seria o que sou agora, mas é preciso cuidado para não deixá-las me dominar, cuidado ao querer parecer uma menina ou uma jovem quando já não o sou. Ser velha, tirando as limitações físicas, não é ruim. Meu conselho, se é que posso dar conselhos, é sorrir e rir muito. Os pés-de-galinha ficam mais acentuados, mas rir faz bem à alma, e esta, bem, esta viverá para sempre e cabe a nós fazê-la bonita. Uma alma sábia é uma alma bonita. Não deixe morrer a menina que está dentro de você, mas não se vista como ela e nem queira ter a sua carinha. Já passou. Não dá mais.
E mais uma coisa: cuidado com o que você vê no espelho: sabe aquele transtorno de anorexia que faz as jovens magérrimas se enxergarem ainda gordas? Pois existe um transtorno mais ou menos parecido que também pode ocorrer na velhice. Podemos olhar no espelho, e de repente nos enxergarmos como gostaríamos, belas e jovens! Aí é o desastre total porque vamos atrás de roupas e decotes que já não são para nós, mostrando pelancas flácidas (ai que horror!), e maquiagem exagerada, pois já vi muito batom vazando pelo código de barras, isto mesmo, código de barras são os lábios envelhecidos cheios de rugas! (como estou terrível hoje)!
Então, gente, é o seguinte: a culpa não é do espelho, coitado! A culpa é nossa. O pior cego é aquele que não quer ver. Moderação, mais moderação …