E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem o presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer… e morrem como se nunca tivessem vivido.”
Dalai Lama
Um copo preenchido pela metade é visto por alguns como estando metade cheio enquanto outros o vêem metade vazio… Variações na forma de olhar para o mundo e para a vida. Alguns de nós temos uma abordagem otimista da vida enquanto outros optam pela leitura pessimista. Não creio haver uma fórmula mágica ou mais correta, mas acredito ser muito importante ter consciência da forma como optamos em olhar para o mundo. Quando nos conhecemos diminuímos as chances de causar mal estar ao outro, e de maneira geral tentamos falar a linguagem familiar ao outro, para que a troca e a comunicação aconteçam.
Neste equinócio (dia e noite com a mesma duração), ano zodiacal que finda (transição Peixes – Áries), acho válida uma reflexão: o que você fez que realmente foi importante em sua vida? Se este fosse seu último ano de vida, você teria feito tudo o que gostaria? Você viveu dando o melhor de si em todas as suas relações de forma que agora se sente bem para iniciar um novo ano?
Vale pensar também se o trabalho e os estudos foram para você sofrimento ou motivo de alegria. Trabalhar e descansar, assim como inspirar e expirar, são dois lados de uma mesma moeda, sem o que a vida pesa, para você e para os que estão ao seu lado. A incapacidade de parar é sintoma de que algo não vai bem! Genial nesse sentido o artigo proposto pelo rabino brasileiro Nilton Bonder entitulado: “Os domingos precisam de feriados”, veja na internet. Nas palavras dele: “Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande “radical livre” que envelhece nossa alegria – o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.”
Fazer qualquer coisa em exagero, nem sempre é sinal de virtude, e muitas vezes não passa de uma fuga: fuga para não enfrentar problemas alheios ao trabalho, fuga para não enfrentar problemas familiares, fuga para não enfrentar problemas pessoais sérios, fuga para não enfrentar o possível vazio da vida. Ter mais brilho, subir mais alto, usar um carro mais luxuoso ou comprar um helicóptero? Tudo isso pode ser válido, mas para que eu quero isso precisa antes ser respondido.
Uma forma rápida e fácil de não encarar estes questionamentos reside na anestesia pelo álcool e pelas drogas, “medicações” de primeira linha para bloquear o desenvolvimento da consciência. Consciência que justamente deveria estar sendo preparada para no ano que principia, suprir os pontos fracos que se apresentaram no ano que passou.
A história a seguir convida a refletir sobre o significado de um viver pleno e saudável. Vale pensar com qual dos personagens você se identifica…
“Somente de Passagem”
“Um turista chega à cidade do Cairo, com o objetivo de visitar um famoso sábio. E fica muito surpreso, quando ao encontrá-lo, vê que este mora em um quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília são uma cama, uma mesa e um banco.
Onde estão os seus móveis? – pergunta o turista.
E o sábio, bem depressa, pergunta também:
E os seus, onde estão?
Os meus?! – surpreende-se o turista. – Mas eu estou aqui só de passagem.
– Eu também… – conclui o sábio.”