Muito se fala sobre o perdão, mas o que é isso? A quem devemos perdoar? Devemos sempre perdoar aos que nos fazem mal? O que significa perdoar — para mim e para quem é perdoado?
Se peço perdão ou se vou perdoar alguém, devo concentrar-me no que isso significa para mim e para o outro. Perdoar não apaga meus erros ou os dos outros.
Tenho pensado no que esse fato repercute em minha vida. Recentemente vivi uma situação em que dedicava muito amor a uma pessoa e ela me decepcionou com uma atitude inesperada. Senti muita tristeza. Decidi que aquela seria uma experiência para aprender mais sobre o conceito de perdão que nos acompanha desde o início da vida. Somos ensinados a pedir desculpas pelos nossos erros e a perdoar os erros dos outros, mas o que isso realmente representa na vida de cada um?
Ensina que não há a necessidade de ser manifesto por um gesto externo, mas sim pelo esquecimento do dano causado pela outra pessoa. Esse esquecimento, a meu ver, dá-se quando quem provoca a situação reconhece sua parte no erro e faz o esforço de mudar ou amenizar esse erro diante do outro.
Todos erramos. Todos passamos por situações em que causamos tristeza no outro ou somos vítimas de tristeza provocada por alguém ou por alguma situação. Esses erros influem na vida de todos, nas relações, na convivência, na capacidade de superar e de ser feliz.
Em relação aos meus erros perante outros, entendo que minha vida deve ser vivida de forma que eu me redima, tanto comigo mesma quanto com os demais. Isso requer de mim muito valor, valentia e humildade — seja para reconhecer que errei, seja para enfrentar a situação e redimir-me perante o outro e perante a mim mesma. É um exercício maravilhoso de autoconhecimento e de querer ser melhor, que começa na busca pela causa que originou esse erro. Saber o que em mim levou ao erro é o princípio da correção, pois só reconhecendo isso conseguirei aceitar que errei, trabalhar a causa e mudar o que for necessário.
Certa vez, me referi a uma pessoa de maneira inadequada e insensata. Saí daquela conversa com um incômodo e percebi que minha consciência sinalizava que algo não estava certo. Percebi o motivo pelo qual havia falado daquela forma e, só então, pude constatar a presença de um pensamento muito ruim. Resolvi não permitir que ele se manifestasse na minha conduta. É um esforço para me redimir da indiscrição que cometi. Mesmo sabendo que palavras ditas não têm volta, posso tornar-me uma pessoa mais atenta e consciente dos meus atos, evitando repetir os mesmos erros.
Um pensamento de Eliana Gonçalves Ulhôa Godoy