Aqui estou eu, ao lado de tanta gente boa que até me intimida…
Quando vim pela primeira vez a Itajubá, em 2007, já na época para falar sobre Cuidados Paliativos (CP) a convite da Faculdade de Medicina, a nossa FMIt, nunca poderia imaginar que dois anos mais tarde me tornaria definitivamente uma Itajubense!
Na verdade, eu sou itajubense há 62 anos… Nasci aqui por uma circunstância casual e fui levada embora pelos meus pais com 1 mês de idade para só voltar em 2007. Até 2009, quando me mudei para cá, o tempo foi pouco para entender a coincidência curiosa de voltar à minha cidade natal, que eu nem sequer conhecia… E para concretizar o sonho de muito tempo: o de ensinar CP para médicos, que precisam muito aprender a CUIDAR dos seus doentes, e não só a curá-los (afinal, nem sempre é possível curar, mas sempre se pode e deve cuidar, do doente e da família)!
Isto é a essência dos Cuidados Paliativos, que nasceu na Inglaterra por volta de 1968, pelas mãos de uma mulher extraordinária, Dame Cicely Saunders. Esta mulher foi Assistente Social, Enfermeira e por fim Médica, aconselhada pelo médico-chefe do hospital onde trabalhava: “Você quer sensibilizar médicos para que cuidem melhor dos seus doentes? Seja um deles…”.
E em Itajubá a necessidade de Cuidados Paliativos nasceu pelas mãos de outra mulher maravilhosa, a Dra. Christina Grieger que junto com o Dr. Kleber Gomes, Presidente da AISI, lutou por implantar na Faculdade o ensino da Disciplina de Tanatologia e Cuidados Paliativos, transformando a FMIt na primeira Faculdade de Medicina no Brasil a ensinar futuros médicos sobre a Morte e o Morrer, e a segunda a formar os seus futuros profissionais em CP. Eles tomaram contato com CP no Hospital Premier, em São Paulo, dirigido por um ex-aluno da FMIt, Dr. Samir Salman, a quem o Brasil deve uma experiência bem sucedida de CP em hospital privado.
Assim viemos para Itajubá Marco Tullio, meu marido, e eu, e a resposta da cidade nos surpreendeu; os meios de comunicação nos abriram as portas e assim facilitaram enormemente a árdua tarefa de implantação de um novo paradigma na Medicina: “Curar sempre que possível, mas cuidar sempre!”
Marco Tullio é pioneiro em Educação em Cuidados Paliativos no Brasil e, junto com alguns outros abnegados ajudou a construir no Brasil o trajeto que CP tem feito entre nós.
E aqui estou eu, grata pela oportunidade de chegar a mais pessoas.
Pessoas são a razão de ser dos Cuidados Paliativos!
A sociedade precisa exigir mais dignidade na saúde, precisa saber que tem direito e deve lutar por um trato mais humano e cordial por parte dos profissionais, precisa fazer a Revolução do Bem em busca do que se perdeu na Medicina a partir de quando ela se tornou mais científica: o Amor!