O Fair Play Financeiro (FPF) foi criado pela UEFA em 2009 com o objetivo de amenizar a crise financeira pela qual os clubes europeus estavam passando. No papel, suas medidas buscam garantir que os clubes se desenvolvam financeiramente de maneira sustentável, evitando o excesso de dívidas e investimentos descontrolados na busca por títulos.
Em termos práticos, o Fair Play Financeiro faz com que os clubes não gastem mais do que arrecadam, devendo assim organizar suas despesas para que não ultrapassem suas receitas, melhorando sua saúde financeira no longo prazo.
Para garantir sua eficácia, a UEFA impõe uma série de sanções aos clubes que não cumprem com suas regras, como multas financeiras, imposição de limites e proibições nas inscrições de novos jogadores, retirada de pontos nas competições nacionais e até desclassificação de competições como a Liga dos Campeões da Europa.
Nas últimas semanas, alguns clubes levantaram a discussão acerca do tema no Brasil. Suas reivindicações tratavam, em especial, do investimento desenfreado das SAFs na contratação de jogadores, onde na visão destes, geraria um desequilíbrio à longo prazo no futebol brasileiro.
No entanto, hoje a implementação completa do Fair Play Financeiro no Brasil ainda enfrentaria muitos obstáculos, pois diversos clubes dependem de injeções financeiras emergenciais, patrocínios de empresas estatais e empréstimos a juros altíssimos para manter suas operações. Além disso, a cultura do “gasto imediato” em busca de resultados a curto prazo ainda prevalece, endividando os clubes para as gestões futuras.
Portanto, embora o conceito de Fair Play Financeiro seja essencial para o futuro do futebol brasileiro, sua efetiva adoção depende de uma mudança cultural e estrutural profunda dentro dos clubes, além de uma fiscalização rigorosa e imparcial por parte das autoridades competentes.
Por Guilherme Pascoal Mereu