Acessar a planilha de custos, estando longe do seu computador. Ouvir a música predileta, sem passar perto do próprio notebook e – detalhe – também bem distante de uma mídia física, tipo CD ou DVD. Editar uma foto sem programas específicos, como Photoshop, por exemplo. Encontrar e modificar os arquivos mais importantes da sua vida digital, independente de onde esteja ou mesmo de qual dispositivo utiliza. É a chamada computação nas nuvens, ou cloud computing, modelo que adere à missão universal de trazer mais praticidade às nossas vidas.
Menina dos olhos do processamento de dados moderno, o cloud computing pode ser resumido como computação simples e acessível. “Quando um usuário hoje acessa o e-mail no gmail, não precisa de nada instalado, só do browser para navegar. Quando ele entra em um software de planilha on-line, também não. Simplesmente utiliza”, explica Daniel Viveiros, gerente de produto cloud computing da Ci&T, empresa de tecnologia com sede em Campinas, em São Paulo.
Com o objetivo de incentivar a pesquisa na área, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e a Ci&T desenvolveram em parceria o edital de apoio a projetos de tecnologia da informação e comunicação com foco nesta área. Serão investidos R$ 2 milhões em projetos que busquem a promoção do conhecimento profissional sobre as plataformas do cloud computing e também em estudos sobre o desenvolvimento de frameworks e arquitetura de referência para plataformas nesta tecnologia. “As universidades de Minas Gerais são ricas em recursos humanos. Queremos saber como vamos convergir o conceito e o que está sendo produzido. Como será possível, através da pesquisa, montar uma proposta de valor para o mercado e oferecer uma computação diferenciada”, ressalta o representante da Ci&T.
Segundo Viveiros, a busca de definições para a computação nas nuvens ainda causa confusão na comunidade especializada. “Na verdade a internet é a base, então, se a ela é nova, cloud computing é um termo mais novo ainda”. De fato são inúmeros vídeos em plataformas como You Tube ou Vimeo que trazem profissionais em tentativas de definir o que já é cotidiano. “Cloud computing já está na nossa vida faz um tempo, desde o surgimento de algumas aplicações como o gmail”, comenta.
O serviço de e-mail do Google existe desde 2004 e pode ser encarado como um divisor de águas na popularização do cloud computing para o cidadão comum, pois representou o fim do limite de memória nas caixas de correio eletrônico e o início da cultura de usar a internet não só para a troca de mensagens, mas também para o armazenamento de arquivos pessoais. “Ao invés de salvar no seu computador, no seu pen drive, você tem todos os seus arquivos na nuvem. Então, se sair do seu computador, você vai conseguir acesso àqueles documentos, ler, escrever, tudo isso de maneira integrada”, explica. E a tendência é que esta praticidade se consolide também em outros dispositivos, como celulares e tablets. “Se você pensar em música, por exemplo. Quando todas essas músicas estiverem na nuvem, você consegue tê-las com você. E provavelmente, em pouco tempo, todos os dispositivos vão conseguir ler essas músicas direto da nuvem para tocar no seu celular”, acrescenta.
Além da praticidade, outra particularidade desta tecnologia é o custo para o consumidor final, bastante reduzido. Isso porque, ao invés de pagar um valor para adquirir determinado programa, como por exemplo, um Photoshop, para editar fotos nas nuvens o usuário não precisa comprar o programa, basta utilizá-lo pela internet e, caso queira acesso a uma versão ampliada do aplicativo, paga proporcionalmente ao uso. Trata-se, portanto, de uma reconfiguração do modelo comercial vigente e que chama a atenção do mercado.
Desenvolvimento tecnológico
Do ponto de vista de desenvolvimento, o cloud computing também é simples. Não é uma nova linguagem de programação. A base tecnológica é a mesma da internet, o que muda é que os profissionais desenvolvem softwares, aplicativos para serem implantados em uma máquina que está nas nuvens, acessível a todos que navegam pela rede.
“Eu acho que a oferta de serviços nesta plataforma vai amadurecer bastante nos próximos anos e os implementadores vão poder fazer aplicações com mais agilidade, numa plataforma mais robusta, com muito mais produtividade”, aposta Daniel Viveiros. Mas, para chegar a este ponto, o Brasil ainda precisa ultrapassar certas barreiras. A qualidade da banda larga oferecida no país é incomparável com a oferta americana ou coreana.
O que é cloud computing
Servidores compartilhados que usam as capacidades de memória e armazenamento da internet, ou seja, das nuvens, para oferecer acesso remoto a dados de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, sem a necessidade de se instalar programas, como, por exemplo, o gmail.
Fonte: Agência Minas