
Ser Flamengo é um fenômeno cultural, pois é o clube mais citado e reverenciado na musica popular brasileira, é algo que não se explica com facilidade, pois vai além da coerência, do racional, da raça, do poder aquisitivo, da ideologia e intelectualidade. Poetas, escritores, dramaturgos e vários pensadores tentaram definir a essência da “Nação” em palavras, tentando explicar o inexplicável. O dramaturgo Nelson Rodrigues é talvez o maior expoente ao tentar traduzir o Flamengo para a literatura e o drama. Ele diz que “o Flamengo é uma alucinação, uma paixão avassaladora” tentando ilustrar a intensidade irracional que essa paixão causa no torcedor. O poeta Carlos Drummond de Andrade diz que “o Flamengo não enche a barriga, mas nos inunda a alma de um vigor de prodígio.” Lamartine Barbo ao criar o hino do Flamengo apresenta o sentimento de desgosto profundo, expressando a ideia de que a vida seria incompleta se faltasse o Flamengo no mundo e também apresenta o privilégio de ser Flamengo é carregar essa “fibra”, sendo uma paixão que dura até morrer. O privilégio, portanto, não está apenas em vencer, mas em carregar uma identidade cultural e social que pouquíssimos clubes no mundo conseguiram atingir, tornando-se um símbolo nacional de paixão, luta e êxtase. Gabriel o pensador chama a camisa do Flamengo de “manto”, um objeto quase religioso que remete a uma história de grandes ídolos, reforçando o privilégio de herdar e vestir essa linda história. Eu não sou artista, atleta ou escritor, mas também tenho meu direito de me expressar sem explicar o quanto o Flamengo é importante para mim: Ser Flamengo é um sentimento que vai do sofrimento ao êxtase como foi aquela do dia 23 de novembro de 2019 dentro do templo do Maracanã com toda minha família para testemunhar e chorar de emoção. Sentimento que interfere na dor, no sabor e principalmente no amor. Sentimento tão forte que não sabemos de onde vem, para onde vai. Nada importa, a não ser: “ser Flamengo até morrer”.
Pelo menos essa é a minha opinião!
Por Professor Ronaldo Abranches/Crônicas do Professor Ronaldo