
Continuando a serie de matérias explorando as principais modalidades de receitas dos clubes de futebol e tendo o Flamengo como referencia. Nessa edição vamos explorar a monetização sobre receitas de marketing que contempla as receitas provenientes de patrocínio, publicidade, licenciamento e royalties que são modalidades de monetização muito relevantes para os clubes de futebol no mundo todo. Embora seja uma fatia significativa, a maior parte dessa receita de marketing é tradicionalmente impulsionada pelos contratos de patrocínio. Em termos de grandeza e volume de arrecadação, no panorama financeiro dos clubes brasileiros, as receitas de marketing (que englobam patrocínios e licenciamentos) se consolidaram como a terceira principal fonte de receita dos principais clubes, ficando atrás apenas dos direitos de transmissão e das transferências de atletas em alguns casos. As principais receitas por licenciamento e royalties para os clubes de futebol brasileiros vêm de Produtos licenciados oficiais que são artigos esportivos, venda de camisas (que podem ser uniformes de jogo e treino), bolas, chuteiras, e outros equipamentos esportivos. Também vestuário e acessórios casuais como roupas, bonés, cachecóis, mochilas, relógios, e outros itens de moda e acessórios com a marca do clube, produtos para o lar e consumo como canecas, copos, chaveiros, bandeiras. Nem as crianças são ignoradas nesse mercado, pois brinquedos e jogos como bonecos, jogos de tabuleiro, e outros produtos infantis são licenciados. Mais uma vez a capacidade de receitas depende do tamanho da torcida da mesma maneira que todo negócio tem como critério de viabilidade: “o tamanho do mercado”. Mais uma vez o Flamengo leva vantagem por ter a maior torcida do Brasil. Outro modelo de negócio é a utilização da marca do clube por outras empresas que é chamado de royalties da marca. Nessa modalidade os clubes recebem uma porcentagem sobre as vendas de camisas e outros produtos fabricados e comercializados por seus fornecedores de material esportivo (no caso do Flamengo a Adidas). Também estão nessa modalidade os contratos de licenciamento onde são recebidos valores de taxas (%) sobre vendas de terceiros que pelo contrato tem autorização para utilizar a marca em produtos variados. As receitas com patrocínios são os espaços de alta visibilidade que são utilizados em placas de publicidade no Estádio, camisa de jogos e de Treinos, centros de treinamento, mídia digital, fundo de entrevistas (Backdrops). Nos últimos anos os games cresceram muito e também geram receitas como o game FIFA/EA e também aplicativos e outros conteúdos digitais. É por isso que tudo fica facilitado quando o clube tem uma imensa e fanática torcida que desejam e fazem grande esforço para consumir produtos com as cores e marca de seu clube do coração. O Flamengo diferentemente do Palmeiras ainda não tem receitas de Naming Rights que é ter uma receita para atribuir um nome no estádio/arena ou mesmo em um setor do estádio. O Flamengo estuda obter essa receita no Maracanã e posteriormente em seu novo estádio. Não foi possível conseguir com seguranças as informações de receitas separadas de licenciamento e royalties das de patrocínio. Mas ficou claro que o Flamengo lidera atualmente as receitas integradas de patrocínio e publicidade juntamente com licenciamento e royalties. Em 2023 o Flamengo faturou R$322,5 milhões, contra R$237 milhões do Palmeiras. Uma quantia significativa para a realidade do futebol brasileiro e de nossa economia. Há uma tendência de aumento principalmente em relação ao Flamengo em função da dinâmica agressiva da gestão de receitas que a atual diretoria do Flamengo está promovendo. Há um conceito sendo utilizados em vários novos projetos que está sendo copiado da Disney que é aumentar a experiência do consumidor e isso leva a um aumento de consumo. O Flamengo é uma grande indústria do entretenimento e quando bem administrado, as várias estratégias de monetização vão se fortalecendo entre si, gerando um ciclo virtuoso que não há limites. Esse ciclo normalmente é interrompido nos clubes brasileiros por falta de continuidade nas mudanças de gestores, mas no Flamengo conseguiu-se um fato histórico que foi três gestões (13 anos, podendo chegar a 18), com gestores competentes na estratégia de geração de receitas. Para o bem do futebol brasileiro, espera-se que outros clubes brasileiros também consigam se organizar e promover gestões com bom desempenho para o bem de nosso futebol.
Pelo menos essa é a minha opinião!
Por Professor Ronaldo Abranches