O problema pode ser revertido com hábitos saudáveis de vida, mas, se não tratado, pode evoluir com complicações
A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma condição clínica representada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado, associado ou não a uma inflamação e a mudanças na arquitetura do órgão. É considerada uma das mais frequentes doenças hepáticas da atualidade, sobretudo nos países ocidentais, onde os hábitos modernos de vida – relacionados à alimentação e à prática de atividades físicas – têm favorecido o ganho de peso e as alterações metabólicas. Em alguns países, como os EUA, o problema chega a atingir 20% da população.
A doença ocorre em qualquer idade, incluindo crianças e adolescentes, independentemente do sexo. Pode se manifestar de diversas formas, sendo a mais comum delas a esteatose hepática isolada – isto é, o acúmulo de gordura não associado à inflamação. “Quando o processo inflamatório está presente, configura-se a esteato-hepatite, que, se não tratada adequadamente, tem chance de evoluir para cirrose em até 20% dos casos”, explica o gastroenterologista Ulysses Ribeiro, médico do Grupo de Gastroenterologia do Fleury Medicina e Saúde. “Nas situações mais graves, há risco de insuficiência hepática e até 1% das pessoas acometidas podem desenvolver câncer de fígado,” prossegue.
A DHGNA está relacionada a fatores de risco básicos, como obesidade, colesterol e/ou triglicérides elevados no sangue e diabetes. Dessa forma, faz parte de uma síndrome metabólica cujo principal mecanismo é a resistência à insulina, ou seja, o funcionamento inadequado desse hormônio produzido pelo pâncreas, fundamental para o processamento da glicose proveniente dos açúcares dos alimentos.
Hábitos saudáveis fazem parte da prevenção
Uma vez que o distúrbio tem estreita ligação com a ingestão excessiva de calorias e com a falta de atividade física, a correção de hábitos inadequados de vida constitui a base para qualquer estratégia de prevenção ou tratamento da DHGNA. Vários estudos científicos demonstraram que a perda de peso e a prática regular de exercícios físicos, os pilares para um estilo de vida saudável, têm um papel terapêutico fundamental na doença, evitando sua progressão e diminuindo seu impacto na saúde.
Na maior parte dos casos, o portador de esteatose hepática não apresenta sintomas. Assim, seu diagnóstico precoce depende da realização de exames rotineiros. “Felizmente, a detecção da doença em sua fase inicial tem aumentado graças à evolução da Medicina Diagnóstica, o que permite reverter o problema com medidas relativamente simples e, por meio de um posterior acompanhamento médico, impedir sua evolução para quadros mais graves”, observa Ribeiro.
Durante esse acompanhamento, o paciente geralmente recebe orientações sobre as mudanças de comportamento capazes de influenciar o curso da doença. Pode ainda perceber os resultados do novo estilo de vida por meio do monitoramento do peso e da composição corporal, além de realizar periodicamente exames complementares laboratoriais e de imagem, que permitem avaliar o funcionamento hepático e visualizar o grau de acúmulo de gordura no fígado, respectivamente. Se as medidas comportamentais não forem suficientes, a instituição de tratamento com medicamentos pode ser necessária. O importante é concentrar esforços para manter a qualidade de vida e evitar problemas de saúde futuros.
Fonte: A4 Comunicação