A própolis verde, planta comum no Brasil, já é conhecida popularmente pela sua capacidade terapêutica, sendo utilizada especialmente para combate a bactérias causadoras de infecção de garganta. Mas pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) descobriram, a partir de diversos experimentos, que a própolis também tem potencial contra a ação de fungos, possui atividade antitumoral, conserva alimentos (capacidade antioxidante), previne a cárie e o envelhecimento.
A descoberta está resultando em produtos farmacológicos que poderão ser disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS), como um enxaguatório (anti-séptico) e um gel bucal, ambos à base da própolis indicados para o tratamento de mucosites na boca (inflamações na mucosa). “Os produtos apresentam ótimos resultados, nenhum efeito colateral e custo bem menor que o de produtos comerciais similares”, afirma uma das autoras da pesquisa, a bióloga da Funed, Esther Margarida Bastos.
O enxaguatório bucal possui ação contra a periimplantiti (inflamação bacteriana do tecido ao redor dos implantes dentários) e mucosites. O gel é recomendado para o tratamento de candidíase atrófica crônica, comum em pessoas que usam dentadura. Segundo a pesquisadora, ele pode ser utilizado para colar a dentadura e sarar as feridas da boca. “Além de não apresentarem efeitos colaterais, por serem naturais, os produtos não possuem sal à base de declorixidina e, por isso, não amarelam os dentes, como acontece com os remédios comerciais existentes indicados para esse tipo de infecção”, explica Esther Margaridas Bastos.
As pesquisas já passaram pelos testes in vitro (laboratório) e por testes clínicos (em humanos), realizados em parceria com as faculdades de odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e já foram encaminhadas para o registro de patentes. “Laboratórios internacionais inclusive já demonstraram interesse em produzir os medicamentos, por meio da assinatura de um convênio de transferência de tecnologia”, revela a bióloga da Funed.
Fonte: Agência Minas