Durante muitos anos, trabalhei como professora. Sempre adorei o magistério. Desde ainda bem pequena, minhas bonecas eram minhas alunas, e tijolos eram bancos de escola. Nascida numa família de professores, tendo minha mãe como a pioneira nessa missão de educar, tive o privilégio de conviver com muitos professores: meus irmãos, minha irmã, prima, tia, sobrinha, e por aí vai…
Com o passar dos anos, fui me tornando um pouco mais observadora dos detalhes que fazem parte de minha rotina e que antes me passavam despercebidos. Num desses momentos mágicos, em que o coração e a mente juntos nos permitem ver e sentir muito além do que os olhos físicos, uma cena se tornou motivo de muitas reflexões, sorrisos espontâneos e lágrimas discretas: uma mãe trazia seus dois filhos de aproximadamente três e quatro aninhos para a escola. O menino, correndo na frente, pulando e mexendo com todos que cruzavam seu caminho. A menina, mais tranquila, cuidava da mochilinha que trazia nas costas e que quase arrastava no chão. A mãe vinha cheia de penduricalhos: a mochila do garoto, o carrinho de corrida dele, além da própria bolsa — que era enorme. Provavelmente dali iria para um longo dia de trabalho, a julgar pela elegante maneira de se vestir, equilibrada em seu salto alto.
Cena simples – vida cotidiana. Reflexões não tão frequentes assim: por que a mãe carregava o material do filho, e a filha era quem carregava o próprio material? Resolvi acompanhar um pouco mais. Ao chegar à sala de aula da filhinha, deu-lhe um beijo e saiu. Na sala de aula do garoto, a coisa foi diferente. A mãe entrou, colocou organizadamente todo o material do filho sobre a carteira, pendurou a mochila no local adequado para, só depois disso, despedir-se do filho e sair para o trabalho.
O que levou a mãe a privar o filho do exercício natural de sua independência? A mesma independência que talvez até um pouco precocemente “exigia” da filha? Bem, isso se tornou motivo de muitas reflexões: que atitudes aparentemente simples expressam preconceitos enraizados de séculos? Que diferença na educação dos filhos beneficia ou prejudica sua formação integral como ser pensante e capaz? Por que superprotegemos os filhos, privando-os de desenvolverem suas capacidades? Por que, em geral, é exigido das meninas atitude mais responsável e madura? Como será esse menino quando homem, esperando ou exigindo que as pessoas façam por ele o que cabe a ele mesmo fazer? Até que ponto somos nós os responsáveis por tantos desvios na formação e educação da infância?
Certamente, enquanto nós, adultos, não tivermos consciência de nossa responsabilidade na formação de um mundo melhor e, em especial, do que teremos que mudar em nós mesmos para que isso seja uma realidade, o “mundo melhor” continuará sendo apenas uma utopia.
Só em posse de conhecimentos específicos sobre nós mesmos seremos capazes de alcançar os altos cumes do saber consciente e também contribuir com as novas gerações. Conseguiremos tal coisa por meio da realização de um processo que humaniza o homem, habilitando-o cada dia mais a usar o potencial incalculável com que Deus nos dotou.
Com o passar dos anos, fui me tornando um pouco mais observadora dos detalhes que fazem parte de minha rotina e que antes me passavam despercebidos. Num desses momentos mágicos, em que o coração e a mente juntos nos permitem ver e sentir muito além do que os olhos físicos, uma cena se tornou motivo de muitas reflexões, sorrisos espontâneos e lágrimas discretas: uma mãe trazia seus dois filhos de aproximadamente três e quatro aninhos para a escola. O menino, correndo na frente, pulando e mexendo com todos que cruzavam seu caminho. A menina, mais tranquila, cuidava da mochilinha que trazia nas costas e que quase arrastava no chão. A mãe vinha cheia de penduricalhos: a mochila do garoto, o carrinho de corrida dele, além da própria bolsa — que era enorme. Provavelmente dali iria para um longo dia de trabalho, a julgar pela elegante maneira de se vestir, equilibrada em seu salto alto.
Cena simples – vida cotidiana. Reflexões não tão frequentes assim: por que a mãe carregava o material do filho, e a filha era quem carregava o próprio material? Resolvi acompanhar um pouco mais. Ao chegar à sala de aula da filhinha, deu-lhe um beijo e saiu. Na sala de aula do garoto, a coisa foi diferente. A mãe entrou, colocou organizadamente todo o material do filho sobre a carteira, pendurou a mochila no local adequado para, só depois disso, despedir-se do filho e sair para o trabalho.
O que levou a mãe a privar o filho do exercício natural de sua independência? A mesma independência que talvez até um pouco precocemente “exigia” da filha? Bem, isso se tornou motivo de muitas reflexões: que atitudes aparentemente simples expressam preconceitos enraizados de séculos? Que diferença na educação dos filhos beneficia ou prejudica sua formação integral como ser pensante e capaz? Por que superprotegemos os filhos, privando-os de desenvolverem suas capacidades? Por que, em geral, é exigido das meninas atitude mais responsável e madura? Como será esse menino quando homem, esperando ou exigindo que as pessoas façam por ele o que cabe a ele mesmo fazer? Até que ponto somos nós os responsáveis por tantos desvios na formação e educação da infância?
Certamente, enquanto nós, adultos, não tivermos consciência de nossa responsabilidade na formação de um mundo melhor e, em especial, do que teremos que mudar em nós mesmos para que isso seja uma realidade, o “mundo melhor” continuará sendo apenas uma utopia.
Só em posse de conhecimentos específicos sobre nós mesmos seremos capazes de alcançar os altos cumes do saber consciente e também contribuir com as novas gerações. Conseguiremos tal coisa por meio da realização de um processo que humaniza o homem, habilitando-o cada dia mais a usar o potencial incalculável com que Deus nos dotou.
Um pensamento de Ruth Léa Nagem