Por Laísa Lopes
Ultimamente os casos referentes a golpes aplicados por meio de dispositivos de informática, aplicativos, redes sociais e telefones está aumentando consideravelmente. E um dos golpes que está em alta é aplicado por meio do Pix. Golpistas tentam de várias formas ludibriar pessoas pedindo doações ou fingindo ter realizado pagamentos.
Foi o que aconteceu com a empresária Fabiana Luza, proprietária de uma lanchonete no Guará, no Distrito Federal, que levou um golpe de uma cliente que fingiu realizar o pagamento por meio do Pix. “Essa pessoa dá vários golpes em diversos comerciantes aqui do Guará. Ela compra, pede para entregar, pede para subir, recebe sem mostrar muito o rosto e fala que já fez o Pix e manda o comprovante. Na verdade, o comprovante que ela manda não é o finalizado, ela coloca os dados e o valor, tira um print, recorta e manda aquilo como comprovante do Pix.”
A empresária conta que caiu nesse golpe duas vezes e perdeu mais de R$100. Chegou a procurar a golpista para fazer a cobrança e foi bloqueada do aplicativo de mensagens, mas registrou boletim de ocorrência e fez o alerta para outros comerciantes nas redes sociais. Após a postagem, outros 10 pequenos empresários do ramo alimentício também procuraram a polícia.
Para tentar evitar o golpe do Pix, a advogada Jéssica Marques explica os procedimentos necessários para que o roubo não seja concretizado. “É importante que a pessoa verifique de onde vem a ligação ou a mensagem, verifique se os dados do Pix são os mesmos dados da pessoa que o está abordando, verificar o extrato bancário e a natureza da transferência, ou seja, se foi um Pix na modalidade TED, ou na modalidade por agendamento. Se foi um agendamento, espere o dinheiro cair na conta bancária, porque há possibilidade de se cancelar.”
Se mesmo assim o golpe for aplicado, a advogada indica quais medidas tomar. “É importante que ela tire print das conversas, do comprovante de agendamento, do número telefone e se resguarde com todas as provas que ela tiver para fazer o registro do boletim de ocorrência com a junta de todas as provas. E nesses casos vai depender da forma da abordagem ou procedimento realizado. Nós podemos vislumbrar a ocorrência do crime de estelionato que tem uma pena prevista de até cinco anos de reclusão”, explica.
Outro golpe recorrente que vem sendo aplicado por meio do Pix é de pessoas que se apropriam de fotos e informações referentes a animais de estimação que necessitam de ajuda para conseguir dinheiro. A funcionária pública Rangelma Almeida foi vítima desse golpe.
Ela resgatou uma gata que estava no estacionamento de uma concessionária, em Brasília, com ferimentos na cabeça, todas as patas queimadas e uma delas quebrada. Após o resgate, a gata foi levada ao veterinário e os custos relacionados aos cuidados chegaram a R$4 mil. Como Rangelma ainda tinha gastos associados aos cuidados de outros animais resgatados, pediu ajuda a amigos e publicou fotos da gata nas redes sociais. Mas o que deveria se tornar uma boa ação, acabou se transformando em golpe.
Uma pessoa disposta a ajudar entrou em contato com a funcionária pública perguntando se ela era a tutora da gata, pois havia visto fotos do animal circulando na internet com outras informações. Com isso, Rangelma pesquisou e chegou a golpista, que usava as fotos da gata resgatada por ela mais um comprovante fiscal com informações de outro bicho.
“Fui até a clínica veterinária identificada na nota e eles disseram que aquele gasto não tinha relação com o perfil que pedia ajuda. O que aconteceu é que a golpista fez uma montagem de dois casos distintos e passou a pedir ajuda. Até gravei um vídeo com o veterinário da gata para provar que o meu pedido era verdadeiro”, relata Rangelma.
Depois disso, Rangelma entrou em contato com a golpista, que informou ter adquirido a ajuda necessária, e foi bloqueada. Então um boletim de ocorrência foi registrado e a tutora da gata juntou um arquivo com mais de 80 páginas de provas sobre o caso.
Com a interferência do golpe nas redes sociais, a funcionária pública ainda necessita de ajuda para cobrir os custos com a gata. “Nem sempre a ajuda financeira com resgates é constante, mas quando um estelionatário interfere, as pessoas passam a acreditar que tudo é golpe.”
Agora, o caso está em investigação na Polícia Civil do Distrito Federal.
Nos últimos dias tem circulado nas redes sociais o alerta de um suposto novo golpe utilizando a opção de agendamento de pagamento por Pix. Mas na terça (23), o Banco Central (BC) informou que as informações não passam de boatos, pois esse formato de transferência utilizando o sistema ainda não pode ser realizado. O Pix agendado está previsto para se tornar obrigatório em todas as instituições financeiras a partir de 1º de setembro.
Segundo mensagens compartilhadas na internet, correntistas estariam recebendo notificações de Pix agendado de um desconhecido. Em seguida, o autor da mensagem entra em contato com o destinatário dizendo que a transferência foi feita por engano e pede a devolução do dinheiro. Logo após o golpista cancelaria o agendamento inicial, fazendo a vítima ficar no prejuízo.
De acordo com o BC, o recebedor de um Pix agendado só recebe a notificação quando o dinheiro cai na conta, não no momento do agendamento. Além disso, um agendamento pode ser cancelado a qualquer momento. Dessa forma, em caso de engano, o próprio autor do pagamento pode desfazer a transação sem o conhecimento do destinatário.
O Banco Central informou ainda que não existe a possibilidade de a vítima receber uma notificação de um dinheiro que não caiu na conta. O órgão ressalta que as notificações relativas ao Pix são recebidas apenas por meio do aplicativo da instituição financeira, não por meio de SMS ou de aplicativos de mensagens.
Com o Pix, transações bancárias como transferência, realização ou recebimento de pagamentos são realizadas em até 10 segundos a qualquer hora ou dia, basta ter conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga em qualquer banco ou instituição financeira que tenha o sistema.
Para aderir ao Pix é necessário criar uma chave. Para isso, o usuário deve acessar o aplicativo de sua própria conta bancária e no menu do app do celular ou pelo internet banking vai aparecer a opção Pix.
A chave Pix serve para identificar o endereço da conta do usuário. Os quatro tipos de chaves Pix que podem ser utilizados são CPF/CNP, e-mail, número de telefone celular ou chave aleatória, que é um código único de 32 caracteres com letras e símbolos gerado aleatoriamente pelo Banco Central para que o usuário não precise informar dados pessoais.
A chave vincula uma dessas informações básicas às informações completas que identificam a conta transacional do cliente (instituição financeira ou de pagamento, número da agência, número da conta e tipo de conta).
Cada conta de pessoa física pode ter até 5 chaves vinculadas a ela, independentemente da quantidade de titulares. Ou seja, se a conta for individual ou conjunta, ela poderá ter, no máximo, 5 chaves Pix. Já no caso de pessoa jurídica, o máximo é de 20 chaves por conta. Todas as chaves podem ser cadastradas no mesmo banco ou em mais de uma instituição, fica a critério do usuário.
De acordo com o Banco Central, até 31 de maio, 93.593.998 usuários se cadastraram no Pix, sendo 87.801.642 pessoas físicas e 5.792.356 pessoas jurídicas.
Atualmente, 2.427 municípios não possuem agência bancária, sendo assistidos por postos de atendimento ou correspondentes bancários.
Existem algumas opções para realizar um pagamento via Pix, são elas:
O acesso ao Pix ocorre exclusivamente pelos canais de atendimento das instituições financeiras e de pagamento por meio do celular, internet banking, agências, caixas eletrônicos ou nos correspondentes bancários, como lotéricas, por exemplo.