Ultimamente elas têm sido mais frequentes; parece que a sociedade anda mais ativa nos seus questionamentos.
Eu mesma nem sempre concordo com as reivindicações, mas fico exultante quando vejo as pessoas pelas ruas, em defesa do que acreditam.
Nós sempre fomos um povo muito pacífico: temos muito pouca experiência com guerras e tragédias, temperaturas agradáveis ao longo do ano, extensão territorial para plantar. Poderíamos ser um país afortunado, sem fome, com trabalho para todos, não fosse a nossa inequívoca vocação para a preguiça.
Preguiça de pensar e escolher com critério, de tomar decisões pelo coletivo, preguiça de cuidar do bem comum, de lutar com constância pelos objetivos.
Somos o país dos que tiram vantagem, dos espertos, dos que trabalham pouco e mal, dos que não se comprometem, dos que combinam e não cumprem.
Somos o país dos políticos corruptos, das instituições públicas falidas, da pobreza endêmica à beira de um país rico em recursos.
Somos o país dos que fazem o mínimo obrigatório, dos que buscam mais por estabilidade no emprego do que desafios para crescer nele.
Fomos sempre o país dos acomodados e dos que lutam apenas pelas suas próprias necessidades e desejos.
Essa postura parece estar mudando nos últimos tempos. O povo tem saído às ruas para protestar, para pedir a saída de corruptos do governo, para discordar de medidas públicas.
Seria algo para se comemorar, e muito, não fossem as violações de direito que se repetem a cada manifestação.
Ônibus que servem à população queimados, lojas e agências bancárias com os vidros quebrados, vias de acesso a hospitais interrompidas, prédios públicos pichados, destruição sem sentido nem justificativa, como se reivindicar fosse sinônimo de agredir.
Até por aqui se vê destruição do asfalto, interrupção da chegada à cidade e perturbação da rotina de trabalho das pessoas…. Que triste!