Valerie e Yuri Glodan em 05 de fevereiro deste ano publicaram fotos daquele período que ela chamou de “as melhores quarenta semanas [da nossa vida]”.
Em Odessa, na Ucrânia.
Seria um fato corriqueiro, um casal esperando o seu primeiro filho, não fosse a guerra ter matado Valerie e sua filha, quando a criança completou três meses.
Seria um fato corriqueiro, não fosse assim cruel e repugnante. Porque não é uma morte natural, triste, mas inevitável.
É uma morte indigna, escandalosa, imperdoável. No que um bebê e sua mãe ameaçam uma potência como a Rússia, para que sua morte tenha sido decretada e levada a cabo, numa tarde qualquer de primavera do outro lado do mundo?
Há de haver um motivo para que o homem seja assim sanguinário e desumano, mas qual motivo pode justificar tamanha insensatez?
Não me consta que haja paralelo entre o homem e os animais.
Animais lutam por comida e, por consequência, pelos domínios de caça, mas apenas por sobrevivência. Não há registro de animais abarrotados de comida e estocando mais e mais, numa avidez sem fim.
Não há registro de crueldade no reino animal; o leão não ri, satisfeito, quando abate um cervo, não se gaba de ser mais forte. Ele apenas se alimenta do cervo para sobreviver.
Foi o nosso cérebro maior que abrigou em suas células a mais, a crueldade?
Foi a linguagem que criou desigualdades e rancores?
Foi a inteligência, que ainda não sabemos usar apenas para o bem?
O que podemos fazer, você e eu, pra conter a maldade no mundo?