Uma música que compus – ‘Acolhamos alegres a Bíblia’ – começa assim: “A história do povo de Deus aumenta nossa esperança de vermos o amor e a justiça vencerem o ódio e a matança. Os textos sagrados confirmam que quem suportar sua dor, com dignidade cristã, verá a volta do Nosso Senhor”.
Quem já estudou algumas passagens bíblicas sabe que tem razões de sobra para acreditar nas promessas do Pai; porém, mesmo com maravilhosas graças acontecendo aqui na Terra há milhares de anos, para outros, isso ainda não foi suficiente para se converterem. E quem não procurar crescer em espiritualidade, irá demorar muito mais para conhecer o Autor da vida – e também o Único que poderá lhe dar a vida eterna.
No segundo Livro dos Reis (5, 1-15), há esta linda ‘história’:
“Naamã, general do exército do rei da Síria, era um homem muito estimado e considerado pelo seu senhor, pois foi por meio dele que o Senhor concedeu a vitória aos arameus. Mas esse homem, valente guerreiro, era leproso. Ora, um bando de arameus, que tinha saído da Síria, tinha levado cativa uma moça do país de Israel. Ela ficou ao serviço da mulher de Naamã. Disse ela à sua senhora: ‘Ah, se meu senhor se apresentasse ao profeta que reside em Samaria, sem dúvida, ele o livraria da lepra de que padece’.
Naamã foi então informar o seu senhor: ‘Uma moça do país de Israel disse isto e isto’. Disse-lhe o rei de Aram: ‘Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel’. Naamã partiu, levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa. E entregou ao rei de Israel a carta, que dizia: ‘Quando receberes esta carta, saberás que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o cures de sua lepra’.
O rei de Israel, tendo lido a carta, rasgou suas vestes e disse: ‘Sou Deus, porventura, que possa dar a morte e a vida, para que este me mande um homem para curá-lo de lepra? Vê-se bem que ele busca pretexto contra mim’. Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel havia rasgado as vestes, mandou dizer-lhe: ‘Por que rasgaste tuas vestes? Que ele venha a mim, para que saiba que há um profeta em Israel’.
Então Naamã chegou com seus cavalos e carros, e parou à porta da casa de Eliseu. Eliseu mandou um mensageiro para dizer: ‘Vai, lava-te sete vezes no Jordão e ficarás limpo’. Naamã, irritado, foi-se embora, dizendo: ‘Eu pensava que ele sairia para me receber e que, de pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, e que tocaria com sua mão o lugar da lepra e me curaria. Será que os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores do que todas as águas de Israel, para eu me banhar nelas e ficar limpo?’ Deu meia-volta e partiu indignado. Mas seus servos aproximaram-se dele e disseram-lhe: ‘Senhor, se o profeta te mandasse fazer uma coisa difícil, não a teria feito? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e ficarás limpo’.
Então ele desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado. Em seguida, voltou com toda a sua comitiva para junto do homem de Deus. Ao chegar, apresentou-se diante dele e disse: ‘Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel’.”
No capítulo 4 do Evangelho de São Lucas, Jesus falou na sinagoga de Nazaré sobre a ‘história de Naamã’: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria… no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. Ouvindo estas palavras, o povo expulsou Jesus de sua terra, mas Ele continuou sua missão em outros lugares – sem se desviar da vontade do Pai.
Pois é, como naquela época, hoje Deus continua escolhendo seus representantes no meio do povo e muitos não são bem aceitos em suas comunidades – assim como ocorreu com Jesus. O importante é continuar a missão, procurando encontrar a paz e não deixando nenhuma Obra sem operários. O mal se paga com o bem e somente através do amor é que poderemos continuar construindo um mundo melhor.
E gosto de contar que, após a primeira guerra mundial, havia um menino que imaginava muita paz na Terra e resolveu lutar por isso. Como gostava muito da cor azul, pintou a sua casa da cor do céu e foi passando essa ideia em frente.
Primeiro insistiu com as pessoas do bairro em que morava e, assim que foi crescendo, passou a viajar por outros lugares, pregando a sua teoria. Todo dinheiro que ganhava no trabalho, usava para estocar tinta azul e doar àqueles que não a podiam comprar. Assim, foi colorindo de ‘paz’ todas as ruas que visitava.
O tempo passou, ele envelheceu, mas não queria morrer sem ver o seu sonho realizado. Gravemente doente, lutou pela vida por três anos no quarto de um hospital, na esperança de ainda poder ajudar mais pessoas a pintarem suas casas.
Certo dia, não aguentando mais o sofrimento da doença, ouviu esta notícia na televisão: ‘Os astronautas que estão no espaço disseram que a Terra é azul!’ E aquele menino, que sonhou com isso a vida toda, morreu em paz.
Portanto, vale a pena continuar sonhando e trabalhando por um mundo melhor, mesmo que não sejamos premiados como foi Naamã, afinal, já fazemos parte da História do Povo de Deus.