Um dia eu te disse,
Menina ainda,
Que eras o meu cavaleiro andante.
Tu te riste,
Incrédulo e mordaz.
Tu vinhas de outras muitas
Com quem brincavas de gostar.
Um dia eu te olhei
Com um olhar de eternidade
E uma certeza de assustar.
Então tu te esquivastes
Como se fugisses.
Mas ficastes à deriva,
Nunca longe, nem tão perto.
Um dia enfim te encontrei
Tanto, mas tanto tempo depois,
Que eras quase apenas uma dor.
Então tu te rendeste
Como se cansado de evitar
E hoje tu te encontras
Nem tão longe, mas não perto.
Quem de nós não teve um dia (ou imaginou ter) uma pessoa que parecia ser “aquela”, mas que não foi? E como o mundo gira, não reencontrou essa pessoa e aí, ambos mais velhos, sorte de ambos, podem resgatar agora o que não foi?
Graça Mota Figueiredo
Professora Adjunta de Tanatologia e Cuidados Paliativos/Faculdade de Medicina de Itajubá – MG