Numa cerimônia concorrida, foi inaugurado o primeiro prédio do Campus Universitário da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) em Itabira, no Vale do Aço mineiro. O evento marcou também as comemorações do 98º. aniversário de fundação da universidade. O prédio leva o nome do ex – vice- presidente da República, José Alencar Gomes da Silva. A homenagem deveu-se, principalmente à participação direta do então vice-presidente no agendamento de reuniões na própria Presidência da República e ministérios em favor da implantação do campus de Itabira da UNIFEI. Ele foi um dos políticos que mais contribuíram para que o Ministério da Educação autorizasse a universidade a criar a nova unidade acadêmica. O atual grupo gestor da UNIFEI compareceu em peso, incluindo o vice-reitor, Paulo Shigueme, pró-reitores,diretores dos Institutos e chefia de Gabinete. Nos pronunciamentos, o reitor Renato Nunes e o prefeito de Itabira, João Izael destacaram a importância do investimento na educação no município. Acompanhados pelo diretor de Operações de Ferrosos Sudeste da Vale, Zenaldo Oliveira, as autoridades descerraram as placas inaugurais e fizeram o corte simbólico da fita que abriu as portas do novo prédio. O bispo da Diocese de Itabira e Coronel Fabriciano, dom Odilon Guimarães Moreira e o pastor da Assembléia de Deus, Luiz Henrique da Silva, foram até o centro do edifício e abençoaram as instalações e, em seguida, aconteceu a apresentação da Orquestra de Câmara de Itabira. A cerimônia também foi marcada pela apresentação dos alunos do projeto Meninos de Minas, que mostraram maturidade com canções de própria autoria e clássicos da MPB. A banda da Polícia Militar também executou repertório eclético, incluindo sambas, e um casal de alunos declamou trechos de poemas de Carlos Drummond de Andrade, o poeta mineiro nascido em Itabira. A inauguração do prédio ganhou uma homenagem dos Correios, com o lançamento de selo e carimbo comemorativos. O selo que traz os dizeres “Assim como Drummond, a UNIFEI é para sempre”, ficará disponível para uso da população itabirana no prazo de 30 dias e tem a foto do poeta ao lado do primeiro prédio da universidade. O reitor Renato Nunes, durante seu discurso na solenidade, destacou a figura do fundador da universidade, Theodomiro Santiago, inclusive citando um de seus pensamentos:” revelemo-nos mais por atos do que por palavras, dignos de possuir esse grande país”. Observou também que a instalação de um campus fora de Itajubá “é uma oportunidade de excepcional interesse, pois a UNIFEI deverá contribuir como um dos agentes de transformação do perfil econômico da região”. O reitor ressaltou ainda que a região necessita passar por um complexo processo de migração da atual economia predominantemente extrativista, para uma economia mais condizente com as necessidades da chamada era do conhecimento. “A nossa Universidade propõe-se ser, através das suas funções de formação e de geração e aplicação do conhecimento, uma das instituições líderes nesse processo”- enfatizou Renato Nunes. Em 2005, o prefeito João Izael idealizava o projeto de uma universidade federal em Itabira e deu início a um incessante trabalho, que foi apresentado em 2008, quando a Prefeitura de Itabira iniciou oficialmente a implantação do campus da UNIFEI no município, através do convênio de cooperação técnica e administrativa firmado com a Universidade e com a mineradora Vale. O convênio definiu as responsabilidades de cada parceiro. A Prefeitura de Itabira garantiu a infraestrutura necessária para o funcionamento da Universidade, disponibilizando para o complexo universitário uma área de 604 mil m² no Distrito Industrial II da cidade – e um investimento de R$ 15,6 milhões na construção do primeiro prédio. À Vale coube o provimento dos equipamentos destinados aos laboratórios dos programas de graduação, que hoje são utilizados nas atividades de formação, geração e aplicação de conhecimento. Em 2008, a Vale repassou à UNIFEI R$ 3,5 milhões para a instrumentalização de 17 laboratórios. Em outubro de 2010, novo convênio foi assinado, com o repasse de mais R$ 12 milhões, valor que possibilitará a implantação de outros 40 laboratórios, perfazendo R$ 15,5 milhões, que atenderão a 57 laboratórios. Cabe à UNIFEI implementar os cursos de engenharia; prover, gerenciar e operar toda a infraestrutura de educação Universitária – que inclui contratação de pessoal docente e administrativo; aquisição de materiais, mobiliário e equipamentos de apoio às atividades didáticas e administrativas; além de arcar com os custos de manutenção das instalações, por exemplo, energia elétrica, abastecimento de água, limpeza, segurança; entre outros. O primeiro vestibular da UNIFEI para as três engenharias – de materiais, computação e elétrica – ocorreu em julho de 2008. Em agosto, os servidores foram empossados e em setembro do mesmo ano, as aulas na universidade foram iniciadas no prédio da Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira (Funcesi) e, no início de 2009, passaram para o Parque Tecnológico de Itabira (i*Tec), onde laboratórios e biblioteca também foram montados. A proposta para o campus de Itabira é implantar uma universidade essencialmente inovadora e tecnológica, com ensino e pesquisa voltados às demandas atuais e futuras de mercado, incentivo ao empreendedorismo – incluindo a incubação de empresas – e comprometimento com o desenvolvimento local e regional. Hoje, a universidade oferece em Itabira nove programas de graduação: engenharias elétrica, de materiais, da computação, saúde e segurança, ambiental, da mobilidade, de controle e automação, de produção e mecânica. Estão matriculados cerca de mil alunos e 180 funcionários compõem o corpo administrativo. A UNIFEI opera nas instalações do iTec e no primeiro prédio do complexo universitário, que abriga espaços administrativos e de aprendizagem. O primeiro edifício que a Prefeitura de Itabira construiu para abrigar a UNIFEI conta com uma arquitetura baseada nos conceitos do ecodesenvolvimento. Ele alia soluções tecnológicas de ponta – e por isso é, também, um prédio inteligente – com menor consumo de recursos naturais – tanto durante a execução do projeto, quanto na sua utilização. Orçado em R$ 15,6 milhões, o prédio possui 4.244 mil m², divididos em quatro pavimentos e, abriga salas de aula, sala de reunião, praça de alimentação, auditório, laboratórios, sanitários e escadas de acesso – uma com a caixa voltada para o ambiente interno e a outra, atendendo à exigência do Corpo de Bombeiros, com a caixa voltada para a área externa – e um elevador. O primeiro passo para se fazer esse prédio foi elaborar um projeto arquitetônico que esgotasse, ao máximo, a utilização dos recursos naturais disponíveis, constituindo-se, assim, a sua sustentabilidade pela ênfase na eficiência energética e arquitetura de baixo impacto. Com foco nesse conceito, o prédio, que está localizado numa região de muitos ventos, foi projetado em formato triangular, que permite melhor distribuição da ventilação interna. Outro exemplo de aproveitamento dos recursos naturais é a iluminação do prédio. Sua concepção arquitetônica permite mais entrada de luz solar. No centro da cobertura, uma cúpula fechada com material transparente, possibilita a entrada de luz natural para todos os ambientes de convivência interna. Outro aspecto importante da edificação é o sistema de captação e reaproveitamento da água pluvial. Um reservatório, instalado na parte baixa do prédio, vai distribuir a água coletada das chuvas para finalidades não potáveis, como descargas, serviços de jardinagem e limpeza. De acordo com Marcelo Monduzzi, engenheiro civil responsável pela obra, “o telhado foi feito em sistema invertido, com declividade das bordas para o centro. Então, a água da chuva é coletada para um reservatório, recebe uma cloração e passa a ser utilizada na descarga dos banheiros e irrigação do jardim”, explicou. Ainda segundo ele, o sistema não foi caro, “pois o único custo é bombear essa água”. Os ambientes internos foram executados com paredes em placas de gesso acartonado. O isolamento acústico é assegurado pelas mantas de fibras de vidro instaladas no interior das placas. A opção por este tipo de material permite a versatilidade dos ambientes, sem a necessidade de desperdícios com demolições. Por abrigar laboratórios de grande porte, a edificação segue a rigoroso projeto de instalações de redes elétrica, lógica (cabeamento especial para computadores), hidráulica e sistemas de ar comprimido, ar condicionado e circuito interno de TV. As paredes em placas de gesso acartonado possibilitam a instalação embutida, de forma segura, de todas as redes. O projeto também contemplou vagas de carro destinadas a idosos e portadores de deficiência, rampas no estacionamento, elevador, sanitários adaptados e sinalização para deficientes visuais. Na elaboração do projeto, nada foi esquecido. Isso pode ser comprovado, ainda, nas soluções desenvolvidas para a redução de gastos. As lajes de piso foram executadas com a tecnologia steel deck, um tipo de laje composta por uma telha de aço galvanizado e uma camada de concreto. Dentre as muitas vantagens para a construção, este tipo de laje permite alta qualidade de acabamento, dispensa escoramento e reduz os gastos com desperdício de material. Consequentemente, a obra gerou menos impacto ao meio ambiente.
Fonte: UNIFEI