Havia uma tartaruga que vivia num lago com dois patos. Eles sempre foram amigos, mas ela tinha muita inveja de tudo que os via fazendo. Um dia, quando os patos resolveram fazer um passeio a um lugar distante, a tartaruga perguntou:
– O que irão fazer lá?
– Vamos comer coisas diferentes para nos fortalecer – respondeu um dos patos.
– Eu também quero ir.
– Mas, voando, como podemos levá-la?
– Vocês seguram com o bico as pontas de um graveto e eu mordo no meio.
– Ta certo, mas você não pode falar nada durante a viagem para não cair. Nós voamos bem alto, sabia?
E partiram em busca de novos alimentos. Lá de cima, a tartaruga vivia uma experiência maravilhosa, coisa que nunca pensou conseguir. De repente, ela avistou um parque de diversões com uma roda-gigante imensa, e acabou dizendo:
– Eu também quero andar…
Quando percebeu que se soltou do graveto, já era tarde. Ela caiu na rocha e morreu. Então, um pato falou pro outro:
– Demorou, mas sua inveja a matou!
Pois é, se a inveja e a ambição não existissem no coração do homem, a partilha no mundo seria completamente diferente. Santo Agostinho disse: “Buscai o suficiente para vós e não queirais mais, porque tudo o que excede o necessário, oprime e não eleva, pesa e não honra”.
Mas, como disseminar a caridade nos corações endurecidos pelo pecado da ganância? Sabemos que tudo começa pela oração, porém, com certeza, a prioridade ainda é o gesto concreto. O fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo, Antonio Frederico Ozanam, falou: “Deixa a tua oração, se um irmão te pede um copo de água”.
Neste sentido, jovem, não é impressionante tanta gente ter chegado ao Céu através de exemplos cristãos fascinantes e, ainda hoje, termos aprendido tão pouco? Quanto mais lutamos para melhorar de vida, mais pensamos em comprar e mais nos esquecemos do pobre! Até quando fecharemos os ouvidos para as necessidades dos que sofrem?
Adianta ficarmos xingando os corruptos se o nosso dinheiro também não é partilhado?
O Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, um dia escreveu esta oração:
“Senhor Jesus Cristo, ajuda-nos não só a acompanhar-te com nobres pensamentos, mas a caminhar pelo teu caminho com o coração; mais ainda, com os passos concretos da nossa vida quotidiana. Liberta-nos do medo da cruz, do medo diante da troça dos outros, do medo que a nossa vida possa escapar-nos se não aproveitarmos tudo o que ela nos oferece.
Ajuda-nos a desmascarar as tentações que nos prometem a vida, mas cujas consequências nos deixam, no fim, sem objectivo e desiludidos. Ajuda-nos a não nos fazermos senhores da vida, mas a dá-la. Acompanhando-te pelo caminho do grão de trigo que cai na terra para dar muito fruto, ajuda-nos a encontrar, ‘perdendo a nossa vida’, o caminho do amor – que nos dá verdadeiramente a vida em abundância.”
Amém!