Falar de futebol é para quem entende. Para quem mal sabe os nomes dos
jogadores, é melhor falar de sentimentos e impressões depois da derrota do Brasil.
Entretanto, mesmo os mais ignorantes (como eu) no assunto conheciam Kaká e Robinho
e, sem dúvida, aprenderam o nome Felipe Melo, exaustivamente repetido nos últimos
dias, depois do último jogo.
E o jogo acabou, o Brasil perdeu, o sonho morreu. Quem poderia prever? Apenas
os milhões e milhões de técnicos que juram saber tudo direitinho como fazer para ganhar
a Copa. Levava fulanos, deixava sicranos, trocava beltranos, pegava o reserva naquele
momento ideal e partia para o ataque, sempre. Pois não é o ataque a melhor defesa?
Partir sim, mas não para a ignorância, como dizem ter feito Felipe Melo porque eu,
particularmente, não vi nada. Só escutei. Assisti de olhos fechados, em pânico total.
Não tenho mais idade, nem estrutura emocional, nem coração para aguentar um suplício
daqueles. E por falar em estrutura emocional, o que os jogadores passam não é mole.
Senti pena quando vi a tristeza do final, o desespero e as lágrimas. Mas toda a vez que
falo em pena dos jogadores, lá vem todo mundo com paus e pedras, alegando que, o
que eles ganham de dinheiro não dá para sentir pena. Também tenho que confessar uma
coisa: sou daqueles que morrem de pena do time que perde, especialmente se for uma
Coréia do Norte. Por mim, todo mundo ganhava e ficava tudo bem, acho que meu espírito
é mais maternal e fraternal do que patriótico.
Bom, sem querer falar mal do Dunga que, por sinal, acho uma simpatia e também
sem querer ser mais uma técnica, mas voltando ao ataque, eu atacaria sim. Perdido por
um, perdido por mil. Na hora em que Holanda empatou, era todo mundo chutar para o gol
que algum saía, ou melhor, entrava. Às vezes penso que se não tivesse técnico, se fosse
assim, como numa pelada, aliás, acabou sendo uma pelada mesmo, o Brasil ganharia a
Copa. Já pensou? Era só esquecer que 180 milhões de brasileiros estavam de olho na
tela. Era fazer de conta que não era Copa, mas um joguinho qualquer de final de semana,
em que cada jogador empregaria seu talento. Será que não dava para fazer de conta?
Tudo bem. Foi um tempo atípico, com trânsito frenético em dia de jogo, todo
mundo querendo chegar logo em casa e haja cerveja! Nunca vi tanta gente de camiseta
do Brasil, o espírito patriótico a todo vapor. No dia seguinte, aquela ressaca. Ainda se
o Brasil tivesse vencido… Imagine dentro de todas as casas, de todas as empresas,
o serviço interrompido, todo mundo tentando se certificar de que o resultado havia
sido aquele mesmo. Tudo bem. Enxugamos as lágrimas, guardamos as fitinhas, as
bandeirolas, as vuvuzelas. Limpamos a cara tingida de verde e amarelo e vamos cair na
real. Não mais foguetório e buzinas estridentes. Lá fora a rua ainda está toda colorida,
o vento frio faz voar tristemente as bandeirinhas de plástico e os enfeites preparados
com tanto esmero. Depois do jogo, já de noite, ainda se ouvia aqui e ali o som rouco
e cansado de uma vuvuzela insistente e chorona, quase como um estertor moribundo.
O que mais encanta, se é que tem algum encanto nessa tragédia, é a criatividade
do brasileiro que nunca falha. Dez minutos depois do jogo, já pipocavam emails com dez
frases sobre o Felipe Melo, Dunga e Kaká. E agora sobre Maradona que, afinal, ninguém
vai ver pelado. É melhor rir para não chorar. E esperar pacientemente mais quatro anos.
Quem sabe surgem novos craques iguais aqueles do passado, mas do passado mesmo,
daquele tempo em que os jogadores eram gente normal, quase que nem a gente, sem
este dinheirão todo que corre por aí e o prêmio pela vitória era só o orgulho de ter suado a
camisa do Brasil e levantado o sonhado e merecido caneco.
Falar de futebol é para quem entende. Para quem mal sabe os nomes dos jogadores, é melhor falar de sentimentos e impressões depois da derrota do Brasil.Entretanto, mesmo os mais ignorantes (como eu) no assunto conheciam Kaká e Robinhoe, sem dúvida, aprenderam o nome Felipe Melo, exaustivamente repetido nos últimos dias, depois do último jogo.
E o jogo acabou, o Brasil perdeu, o sonho morreu. Quem poderia prever? Apenas os milhões e milhões de técnicos que juram saber tudo direitinho como fazer para ganhara Copa. Levava fulanos, deixava sicranos, trocava beltranos, pegava o reserva naquele momento ideal e partia para o ataque, sempre. Pois não é o ataque a melhor defesa? Partir sim, mas não para a ignorância, como dizem ter feito Felipe Melo porque eu, particularmente, não vi nada. Só escutei. Assisti de olhos fechados, em pânico total. Não tenho mais idade, nem estrutura emocional, nem coração para aguentar um suplício daqueles. E por falar em estrutura emocional, o que os jogadores passam não é mole. Senti pena quando vi a tristeza do final, o desespero e as lágrimas. Mas toda a vez que falo em pena dos jogadores, lá vem todo mundo com paus e pedras, alegando que, oque eles ganham de dinheiro não dá para sentir pena. Também tenho que confessar uma coisa: sou daqueles que morrem de pena do time que perde, especialmente se for uma Coréia do Norte. Por mim, todo mundo ganhava e ficava tudo bem, acho que meu espírito é mais maternal e fraternal do que patriótico.
Bom, sem querer falar mal do Dunga que, por sinal, acho uma simpatia e também sem querer ser mais uma técnica, mas voltando ao ataque, eu atacaria sim. Perdido porum, perdido por mil. Na hora em que Holanda empatou, era todo mundo chutar para o gol que algum saía, ou melhor, entrava. Às vezes penso que se não tivesse técnico, se fosse assim, como numa pelada, aliás, acabou sendo uma pelada mesmo, o Brasil ganharia aCopa. Já pensou? Era só esquecer que 180 milhões de brasileiros estavam de olho natela. Era fazer de conta que não era Copa, mas um joguinho qualquer de final de semana,em que cada jogador empregaria seu talento. Será que não dava para fazer de conta? Tudo bem. Foi um tempo atípico, com trânsito frenético em dia de jogo, todo mundo querendo chegar logo em casa e haja cerveja! Nunca vi tanta gente de camiseta do Brasil, o espírito patriótico a todo vapor. No dia seguinte, aquela ressaca. Ainda se o Brasil tivesse vencido… Imagine dentro de todas as casas, de todas as empresas,o serviço interrompido, todo mundo tentando se certificar de que o resultado havia sido aquele mesmo.
Tudo bem. Enxugamos as lágrimas, guardamos as fitinhas, as bandeirolas, as vuvuzelas. Limpamos a cara tingida de verde e amarelo e vamos cair na real. Não mais foguetório e buzinas estridentes. Lá fora a rua ainda está toda colorida,o vento frio faz voar tristemente as bandeirinhas de plástico e os enfeites preparados com tanto esmero. Depois do jogo, já de noite, ainda se ouvia aqui e ali o som rouco e cansado de uma vuvuzela insistente e chorona, quase como um estertor moribundo.
O que mais encanta, se é que tem algum encanto nessa tragédia, é a criatividade do brasileiro que nunca falha. Dez minutos depois do jogo, já pipocavam emails com dez frases sobre o Felipe Melo, Dunga e Kaká. E agora sobre Maradona que, afinal, ninguém vai ver pelado. É melhor rir para não chorar. E esperar pacientemente mais quatro anos. Quem sabe surgem novos craques iguais aqueles do passado, mas do passado mesmo, daquele tempo em que os jogadores eram gente normal, quase que nem a gente, sem este dinheirão todo que corre por aí e o prêmio pela vitória era só o orgulho de ter suado a camisa do Brasil e levantado o sonhado e merecido caneco.