Hoje cedo estive lendo uma reportagem na Folha de São Paulo dando conta que por causa da má arrecadação de impostos no mês, o governo lançará mão de dividendos das empresas estatais para cobrir seu furo no caixa. Muito bom. Brilhante a atitude da Presidenta. Todos as pessoas que estudam um pouco de economia e contabilidade sabem que os resultados das empresas podem ser distribuídos totalmente aos seus acionistas ou podem ser reaplicados nos negócios da empresa. Quando são distribuídos o assunto morre. Quando são reaplicados nos negócios, a empresa cresce e gera novos empregos e, futuramente, valoriza mais o patrimônio aplicado por seus acionistas.
Fica fácil concluir que a atitude de distribuir todos os lucros obtidos, a longo prazo, condena a empresa e ficar estagnada ou endividada. Estagnada se parar de investir porque seus resultados foram todos distribuídos e endividada se ela resolver investir mas, não tendo recursos próprios para assim o fazer (lucros que foram distribuídos), recorre a instituições financeiras comprometendo seu grau de endividamento.
Durante estes 25 anos que leciono a matéria de finanças de empresas na Facesm, não me canso de falar aos meus alunos que o dinheiro mais caro é o dinheiro dos sócios. A expectativa de retorno dos recursos próprios é sempre maior que os juros de financiamentos públicos para investimentos. O cálculo do grau de alavancagem financeira das empresas nos mostra isso. Esse, porém, é um assunto técnico que interessa aos estudantes da matéria. Então, quando aplicamos recursos próprios para manutenção do capital de giro, como quer a Presidenta, estamos dando um tiro no próprio pé, já que estamos aplicando dinheiro bom em despesas de custeio que não geram investimentos e, consequentemente, empregos.