Não sei falar de política e falar sobre isso me pesa toneladas na alma porque sempre me lembro dos políticos com sua vida nababesca, de seu desinteresse pelo tão sofrido povo brasileiro que paga o mais alto imposto do planeta, imposto que faria inveja ao “quinto” do tempo de Tiradentes, e por tão maus serviços em troca. Sou uma brasileira com as mesmas emoções de todos os brasileiros, encho-me de horror a cada notícia de mais e mais corrupção, sofro também as injustiças de muitos. Sei que tenho que me esforçar para “tomar partido”, não ficar sentada à beira do caminho vendo a história acontecer, para não apenas repetir o que ouço, mas construir meu próprio raciocínio. Vexada, confesso que sou daqueles que corro quando vejo todo mundo correndo para depois perguntar o que acontece. Ouço muitas vozes por aí e elas me dizem para ter menos emoção e mais razão.
Li muitas mensagens sobre as manifestações e o que mais me impressionou foi o fato de dizerem que por trás das passeatas e dos interesses inocentes da população, há muito mais coisas do que possamos imaginar. Dizem que o Movimento Passe Livre existe há anos e nunca foi levado a sério pela imprensa e muito menos pela maioria dos estudantes da classe média alta. Então por que somente agora? Dizem que tudo foi planejado, que forças e poderes ocultos e maiores já têm tudo em sua pauta. Falam em golpe de Estado, instauração de estado de exceção, golpe midiático de opinião pública, novas ditaduras. Enfim, como hoje em dia temos à mão toda e qualquer notícia, a cada momento somos bombardeados com novas informações.
De qualquer maneira, golpe planejado ou não, o MPL já se multiplicou em diversos movimentos e corre por conta própria. O povo, cansado de pão e circo, saiu para as ruas num emaranhado de contestações. Do protesto contra o aumento da passagem, passou-se à reivindicação por melhor atendimento na saúde, por melhores estradas, pelo ressurgimento de uma nova e libertadora educação, por menores impostos. Se, realmente, nossa Constituição fosse, ou melhor, passando do imperfeito para o futuro do subjuntivo com muita esperança nesse futuro, se, recomeçando, se nossa Constituição for reformada, se os políticos perderem seus vergonhosos privilégios, sua aposentadoria por tempo de parlamentar, se pagarem por seus planos de saúde e de aposentadoria, se a conta não mais pesar tanto em nossos ombros, será o máximo! Como diria o “Mineirinho”: Bom demais da conta, sô!
Atenção! Versailles! O povo está querendo brioches, sim!