Ao longo da história da humanidade, como também nos dias atuais, podemos constatar a preocupação com a cura de doenças. Em busca da cura vários métodos foram empregados: magia, preces a deuses, exercícios físicos, beberagens, chás, pomadas, cremes, fumos, e os mais variados produtos para uso interno ou externo; a partir de vegetais, animais ou minerais.
Despontando nesse grupo, as plantas medicinais representaram a forma mais universal (e talvez democrática, pela facilidade de acesso) ao tratamento de doenças. Atualmente também observamos que a busca pelas plantas que curam continua intensa.
Por um lado, a utilização de plantas medicinais é bastante benéfica, pois através da utilização das plantas ditas medicinais, do “saber popular” é que provém a base do desenvolvimento de inúmeros fármacos – a chamada fase de Etnofarmacologia, como abordados no artigo Desenvolvimento de novos medicamentos (http://conexaoitajuba.com.br/conexaoitajuba/Pagina.do?idSecao=293&idNoticia=29990).
No entanto, é preciso muito cuidado também com a utilização dessas plantas. No Brasil, nós usamos quase sempre ervas frescas moídas com pouco ou nenhum estudo científico, às vezes extratos secos, sem controle de qualidade adequado do produto, eventualmente uma tintura, um extrato, mas não chegamos a um medicamento fitoterápico.
E está aí a diferença da utilização das plantas medicinais e dos medicamentos fitoterápicos. Os medicamentos fitoterápicos são provenientes de plantas, mas foram extraídos em ambiente controlado (laboratórios) e suas dosagens foram estudadas para evitarem ao máximo efeitos colaterais e ainda conseguir combater a doença.
Dentre os motivos pela escolha dos fitoterápicos está a preferência mundial pelas coisas naturais; a preocupação com os efeitos colaterais de medicamentos sintéticos, o que é uma ilusão pensar que medicamentos fitoterápicos não têm efeito colateral; o grande interesse pela medicina alternativa, o que naturalmente ocorre em países ricos, porque nos pobres tem que usar o que existe e a preferência por tratamentos preventivos. Com o avanço da idade, a população vai ficando mais velha, e começa a usar preventivamente tratamentos, incluindo aí muitos medicamentos antioxidantes. Reside aí uma boa parte desse aumento do consumo.
É importante ressaltar ainda, que a produção de fitoterápicos podem sofrer pequenas variações, já que a qualidade e a quantidade dos ativos de um vegetal variam de acordo com o tempo de maturação da planta, tipo de terra cultivada, água de rega, tempo de sol, frequência de chuvas, momento da colheita, hábitat, presença ou não de agrotóxicos, tipo de adubo e o modo de armazenamento e conservação da erva.
Os fitoterápicos movimentam um mercado gigantesco no mundo: US$ 14 bilhões por ano. São obtidos de plantas e vendidos em forma de extrato, tintura, óleo etc. Estima-se que no Brasil esse mercado gire em torno de US$ 400 milhões por ano e empregue 100 mil pessoas. De todos os remédios colocados nas prateleiras das farmácias brasileiras, 2,8% são feitos de vegetais. E as vendas crescem em torno de 12% ao ano. No setor dos medicamentos sintéticos, o crescimento é menor que 5%.
Para que se tenha uma ideia de como podemos aumentar o consumo de fitoterápicos em nosso país, a Alemanha é o país que mais consume fitoterápicos no mundo, com cifras que somam cerca de 3,5 bilhões. É interessante ainda verificar que mais de 60% dos fitoterápicos consumidos neste país possuem prescrição médica, o que pode ajudar a diminuir o preconceito na adoção desses medicamentos em nosso país.
O Brasil com sua fantástica biodiversidade, o seu conhecimento popular do uso das plantas medicinais, sua ciência e tecnologia, e suas empresas competentes, tem praticamente tudo para desenvolver seus próprios Fitoterápicos. Falta certamente uma política voltada a esse interesse nacional. Quando nós conseguirmos fazê-la, ganharemos um gigantesco mercado.
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