Paixão segundo Mateus – Bach
O bombardeio de imagens em ação anestesia a imaginação. Imagens em ação e imaginação, coisas tão distintas com sons tão parecidos… Uma vem de fora e distrai, trai o coração e faz crer verdade o que talvez não seja não! A outra é amiga, silenciosa; é corda do alaúde da alma, faz lembrar e acalma além de tônico para a saúde!
Quando a vida se torna um “ganhar tempo” ou pelo menos um “não perder”, os rituais e a relação com a morte perdem sua essência, conforme belamente contado por Michael Ende (Sobre isso veja: Momo e o Senhor do Tempo). Se o risco de adoecer se torna medo da morte, a “prevenção” se reveste de algo maquiavelicamente perverso, conforme Jézéquel em “Memórias de Território”:
“Em nome da “prevenção” realiza-se um verdadeiro terror organizado: rastreio vaginal, mamografias, análises de sangue e testes (Papanicolau), biópsia, endoscopia; todos estes momentos são vividos na maior das ansiedades, como verdadeiras espadas de Dâmocles, cujo veredito pode decidir num instante o futuro da pessoa. Como estes exames devem ser periodicamente efetuados, a pessoa nunca fica descansada e vive em estado de estresse permanente. O medo da morte, que se resolvia culturalmente, tornou-se um verdadeiro maná para a sociedade de consumo. A morte humanizada e ritualizada foi substituída pela morte patológica e hospitalar, no meio de corredores brancos e inóspitos, máquinas frias e tratamentos aberrantes – resultado da pressão de uma medicina onde se misturam interesses políticos, econômicos e ideológicos”.
De fato a temática é corriqueira nas reflexões sobre saúde, conforme:
http://saudeconsciencia.blogspot.com.br/2011/09/prevenindo-o-paciente-do-medico-parte-i.html
http://saudeconsciencia.blogspot.com.br/2011/09/previnindo-o-paciente-do-medico-parte.html
http://saudeconsciencia.blogspot.com.br/2011/10/prevenindo-o-paciente-do-medico-parte.html
http://saudeconsciencia.blogspot.com.br/2011/11/prevenindo-o-paciente-do-medico-parte.html
http://saudeconsciencia.blogspot.com.br/2014/07/salutogenese.html
Muitas doenças decorrem de hábitos de vida (alimentares, comportamentais, psíquicos, emocionais ou mesmo espirituais) que urgem serem transformados. Assim como a vida é transformação contínua a saúde requer movimento interior de transformação e cultivo de bons hábitos. Algo assim como sugerido nas palavras do atual vice-presidente, quando secretário da segurança em 1984 na cidade de São Paulo, conforme o link:Folha de SP – Poder
“A divulgação do chamado sexo explícito, tanto no cinema quanto em meios escritos, atua como elemento de incentivo ao crime, já que essas mensagens atingem, sobretudo, as pessoas carentes, econômica e emocionalmente.”
Os hábitos moldam o caráter assim como este o destino. Se há saúde, fortaleçamo-la antes de atacar a doença; reabilitar é fortalecer as habilidades preservadas antes de agir sobre as que carecem.Primum non nocere. Se há morte é porque houve nascimento e se há nascimento e morte é porque há vida; vida é uma rara palavra sem oposto que comporta a oposição essencial do nascer e do morrer. Estamos manifestos na estranheza de um mundo que nos permite definir as descontinuidades nascimento e morte, mas que nos confunde ao tentarmos definir a tessitura do que seja a vida. Se nascimento é alegria e começo de ciclo porque não exercitar a alegria de um final de ciclo, à semelhança do término de uma graduação? Quem sabe a perspectiva da finitude possa nos impulsionar a um viver mais significativo (Ser) e um pouco menos apegado (ter)?