Em resumo, o texto também comparou o milho que ‘se negou a virar pipoca’ a um ser humano que se recusa a mudar – no seu jeito de ser e de pensar. A presunção de quem age assim é comparada à casca dura do milho que não estourou e o seu destino é triste – porque não conseguiu dar alegrias a ninguém. Concordo que a comparação foi interessante, mas vou usar da ideia para refletir alguns valores importantes para o cristão: a fé, a esperança e a caridade.
Iniciando pela fé, você já pensou que precisamos provar ao Pai o quanto podemos melhorar o nosso comportamento de pecador? Concorda que é impossível conseguirmos mais tempo para rezar se aumentarmos os nossos compromissos sociais? De que adianta adquirirmos tantos conhecimentos na vida se não sabemos discernir o que Deus quer de nós?
O mundo nos mostra que: aumentam-se os remédios porque há menos saúde; os bens materiais vão tomando o espaço dos valores espirituais; a comunicação em massa faz com que nos amemos cada vez menos; muitas casas belíssimas são endereços de lares desfeitos etc. Infelizmente, o homem chegou à Lua mas se esquece de amparar o vizinho necessitado; ele pensa em ganhar muito dinheiro mas não consegue ser justo ao gastá-lo; enfim, conquista a sua liberdade e se afasta de Deus.
Vendo isso tudo acontecer, cada vez mais me convenço que só é feliz quem busca crescer na fé. Refletindo na Palavra do Senhor, recebendo os sacramentos da Igreja e trabalhando ativamente numa comunidade católica, preenchemos o nosso espaço interior para positivamente contribuirmos com o mundo exterior. Sem conhecer a Deus, é impossível crescer na fé e deixar de ser ‘milho de pipoca’.
Falando agora sobre a esperança, o que seria de nós sem esse ‘santo remédio’ para a alma? Acabei de ver um texto de Felipe Aquino – meu professor há 44 anos -, onde ele sabiamente diz que o Senhor permite que certos tipos de coisas aconteçam em nossas vidas para que tenhamos esperança e sejamos dependentes da sua graça o tempo todo. Por exemplo, a pessoa que luta contra um vício nunca fica curada, mas buscará ser sustentada por Deus. Para isso, precisará sempre vigiar e orar!
O professor Felipe conclui afirmando que imediatamente após cada queda, qualquer que seja, é fundamental colocarmos os joelhos no chão e pedirmos perdão a Deus, pois, confiando na Misericórdia Divina, nos tornamos mais duros na queda. Eis a frase final que ele usa no seu artigo: “Siga em frente sem olhar para trás e que, sobretudo, Maria, a Mãe da Pureza, o sustente. Agarre-se a Ela.” Lembrando do milho de pipoca, eu completaria: Ela irá transformá-lo através do fogo do Espírito!
E, sobre a caridade, quanta coisa eu teria para escrever! Por hoje, vou contar a história de uma senhora que recebeu esta estranha carta: “Querida Ruth, estarei próximo de sua casa hoje à tarde e passarei para visitá-la. Com amor, Jesus.”
As mãos da mulher tremiam quando colocou a carta sobre a mesa. “Por que o meu Senhor quer me visitar? Não sou ninguém especial e nem tenho nada para lhe oferecer!” – pensou, preocupada. Pegou, então, a sua carteira e se apressou em fazer compras. Gastou o pouco que tinha num pão francês, num pouco de peito de peru e numa caixa de leite.
Quando estava voltando para casa, encontrou-se com um mendigo que lhe disse: “Olá, senhora, pode me ajudar?” Ruth estava tão distraída – pensando no lanche a preparar – que nem sequer viu os farrapos pendurados pelo corpo daquele andarilho. Entrou em seu lar, arrumou a mesa de jantar e ficou esperando por Jesus.
O tempo foi passando e, vendo que ninguém aparecia, resolveu ir até o portão, voltando a ver aquele ‘pobre coitado’ sentado na calçada – chegava a cheirar mal! Com o lanche nas mãos, Ruth se dirigiu ao mendigo: “Olhe, quer aceitar este sanduíche? Conseguirei outra coisa para servir ao meu convidado, se Ele vier.”
Vendo que ele tremia de frio enquanto comia, ela tirou o casaco do corpo e o colocou nos ombros gelados do homem. Sorrindo, ele lhe agradeceu e foi embora. Ao entrar, encontrou uma outra carta sobre a mesa: “Querida Ruth, foi bom vê-la novamente. Obrigado pelo delicioso lanche e pelo esplêndido casaco que irá me aquecer neste inverno. Fique no meu amor, Jesus.”
Com certeza, Ruth explodiu de alegria… como um milho de pipoca!
Vicentino, Ovisista e Cursilhista de Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).