Antônio Jorge Souza Marques representará o Brasil na 12ª Conferência Mundial Infopoverty, que acontece em 22 de março, em Nova Iorque
Na ciência médica, não é raro que uma tecnologia seja desenvolvida para uma finalidade e, com o tempo, se descobrem novos usos, capazes de trazer mais benefícios do que foram imaginados anteriormente. A ultrassonografia é um bom exemplo. Utilizada há 60 anos, ela agora pode ser usada para salvar vidas em situação de urgência e emergência, muitas vezes em lugares remotos, geralmente ocasionados por acidentes de carro. Visando mostrar essa experiência, o secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge Souza Marques, representará o Brasil na 12ª Conferência Mundial Infopoverty, que acontece em 22 de março, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
A conferência, que expõe o impacto que tecnologias mais acessíveis e sustentáveis podem trazer no cotidiano das pessoas, é coorganizada pelo Escritório de Parcerias da ONU, pelo Observatório pela Comunicação Cultural e Audiovisual no Mediterrâneo e no Mundo (OCCAM), o Infopoverty Institute da Universidade de Oklahoma e pelo Parlamento Europeu, com o tema “Quem conduz a revolução digital? Práticas inovadoras para o desenvolvimento” (Who drives the digital revolution? Innovative practices for development). Além do setor de saúde, há painéis sobre meio ambiente, desenvolvimento sustentável, educação, democracia, mudanças climáticas, segurança alimentar, entre outros.
O uso do ultrassom para atendimentos da urgência e emergência foi viabilizado em Minas Gerais por meio de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a World Interactive Network Focused on Critical Ultrasound (Winfocus), organização internacional com sede na Itália. “Antes, o ultrassom era um aparelho muito caro e pesado. Ultimamente, foram criados aparelhos leves e mais baratos. Com isso, o ultrassom não se restringe apenas ao hospital, pode ser transportado para outros ambientes. Dessa forma, os médicos de serviços como o Samu 192 podem utilizar o aparelho no diagnóstico dos pacientes, realizando encaminhamentos e procedimentos mais seguros. Assim nós podemos salvar mais vidas”, explica Rasível dos Reis Santos Júnior, coordenador de Urgência e Emergência da SES.
Além de expor a prática de sucesso em Minas Gerais, haverá assinatura de um contrato, pelo secretário Antônio Jorge e representantes da Winfocus World, visando a capacitação de 252 médicos na utilização do aparelho, na perspectiva de um projeto piloto para um plano estadual mais amplo. Inicialmente, serão beneficiadas a macrorregião sanitária do Norte de Minas e a microrregião polarizada pelo município de Manga. “Hoje, temos um caso de sucesso e vamos ampliar esta boa prática, seguindo uma tendência internacional”.
Telemedicina
Projeta-se que no futuro, cada especialidade médica adquira conhecimento suficiente para utilizar a ultrassonografia no seu dia-a-dia. “A tecnologia atuaria como se fosse um novo estetoscópio, não veio para substituir o clássico aparelho, mas sim para fornecer mais informações ao médico que cuida do paciente, em tempo real, permitindo que o diagnóstico seja feito mais rapidamente e, consequentemente, que não haja atraso no início do tratamento, que poderia implicar na morte do paciente”, afirma José Muniz Pazeli Júnior, diretor da Winfocus no Brasil.
O projeto “WINFOCUS GLOBUS BRASIL”, aplicado em Minas Gerais, vai ser único no mundo na sua extensão e articulação, cobrirá toda a rede de atendimento, incluirá capacitação de médicos da rede de assistência, e também professores universitários que serão treinados para multiplicar este conhecimento. O uso da telemedicina permitirá que médicos nas áreas mais remotas e menos desenvolvidas do estado enviem imagens que serão avaliadas por professores capacitados nas universidades. O projeto prevê ainda educação continuada e protocolos de atendimento para diversos tipos de pacientes, no trauma, nas urgências clínicas, na pediatria, na obstetrícia, etc.
Serão parceiras no projeto algumas instituições de prestígio, Niguarda Ca’ Granda Hospital e AREU (Azienda Regionale di Emergenza e Urgenza) da “Regione Lombardia” (Milão, Itália), Henry Ford Hospital (Detroit, EUA), South Carolina University (Columbia, EUA). O grupo envolve também agências acreditatas pelas Nações Unidas, como o “Human Development, Capabilities and Poverty International Research Center” (HDCP – IRC), e o OCCAM, promotor do Infopoverty Program das Nações Unidas. “Este é um projeto ambicioso e revolucionário que impactará fortemente a saúde da população de Minas Gerais e, certamente, será um modelo de saúde de qualidade e sustentável para o Brasil e para o mundo”, finalizou o professor Luca Neri, ex-presidente da WINFOCUS Wolrd e responsável científico internacional do projeto piloto.
Fonte: Agência Minas