Você já imaginou se a vara de pescar servisse também para fisgar as boas qualidades dos outros? E o elástico, se nos ajudasse a sermos flexíveis em nossas teimosias? O esparadrapo poderia curar as mágoas… a borracha, apagar os erros do passado… o cofre guardaria as nossas maiores fortunas: família e amigos… o lápis seria então usado para registrar todas as bênçãos que recebemos a cada dia… enfim, muita coisa mudaria para melhor!
Mas quem sabe usar as virtudes teologais adequadamente – fé, esperança e caridade –, já possui tudo o que precisa para estar perto de Deus. E é muito fácil rezar um pouco por dia, confiar na graça e ajudar o próximo; basta querer! Quem age assim, acaba reconhecendo as qualidades alheias mesmo sem a vara de pescar, deixa de ser teimoso sem o elástico, guarda as fortunas espirituais no coração etc.
Há uma história que relata o dia em que Jesus bateu à porta da casa de um jovem e pediu para entrar. Imediatamente, o rapaz o conduziu à cozinha e sugeriu que se sentasse num banquinho, perto de um crucifixo na parede. Mal começaram a conversar e ouviram batidas fortes na porta da sala. O moço pediu licença ao Mestre e foi atender.
Quando viu pelo olho mágico que o diabo estava lá fora, ficou em silêncio para que ele pensasse que não havia ninguém em casa; e, antes de voltar à cozinha, aproveitou para esconder na gaveta uma fita de filme pornográfico que se encontrava sobre a mesa.
Poucos minutos se passaram e as batidas voltaram a acontecer, agora na janela do quarto. Assim que o jovem lá chegou, viu que o demônio já estava entrando e, desesperado, conseguiu colocá-lo para fora. Retirou, então, o seu pôster favorito da parede – uma mulher nua – e o escondeu debaixo da cama.
Em pouco tempo, tudo se repetiu no banheiro. O rapaz, fechando os vidros, falou baixinho para o capeta: ‘Agora não! Volte mais tarde!’ Jogou no lixo algumas revistas de sexo e voltou para junto de Deus; mas a campainha tocou e Jesus pediu para deixá-lo atender. Quando Satanás o viu, foi logo dizendo: ‘Desculpe, foi engano.’ Então, o jovem perguntou: ‘Cristo, por que ele não nos deixa em paz?’ E a voz de Deus ecoou em tom suave: ‘É porque você só me deu a cozinha nesta casa. Todo o resto é dele!’
Portanto, se os palavrões estão em nossa boca, se o pecado está em nossa mente, se a violência é o melhor recurso de nossos braços e a preguiça impede nossas pernas de caminhar até os pobres, Jesus nunca será o dono do nosso coração e tudo o que possuirmos será inútil para a nossa salvação.
No jantar em Betânia (Mt 26, 6-13), quando uma mulher derramou perfume caro na cabeça do Filho de Deus, Ele falou aos discípulos: “É uma ação boa o que ela me fez. Pobres, vós tereis sempre convosco. A mim, porém, nem sempre me tereis.” Mesmo sabendo disso, o jovem da história que contei não estava preparado para dar atenção a Jesus. E você, quando se encontra com Ele, aproveita o máximo o momento da graça ou acaba atendendo os chamados da tentação?
A religião está tão ausente na vida de tantas pessoas que já existem apelidos a muita gente, tais como:
‘Cristão IBGE’, porque só o descobrimos em questionário de pesquisa; ‘cristão INSS’, que acredita que igreja é para idosos; ‘cristão socialite’, pois só aparece em ocasiões de casamentos, batizados e enterros; ‘cristão doente’ é aquele que só procura a Cristo quando não tem mais jeito de se curar através da medicina; e há também o ‘cristão vaquinha de presépio’, que só sacode a cabeça e não toma nenhuma atitude em favor dos pobres!
Continuando, temos o ‘cristão fantástico’, porque só aparece na comunidade em alguns domingos à noite; há o ‘cristão político’: dá o ar da graça de quatro em quatro anos, faz promessas aos santos e some; e o ‘cristão celeste’, porque vive olhando para o céu e não quer se preocupar com as coisas da terra.
Mas, graças a Deus, existe o ‘cristão fiel’, que é aquele católico que segue fielmente a Jesus: leva a Palavra aos necessitados, vai à missa regularmente, trabalha em comunidade e nunca nega os chamados do Salvador.
Concluindo, todos os momentos de nossa vida devem agradar ao Senhor e não termos apenas alguns curtos momentos para Jesus. Infelizmente, quem não pensa assim, vai continuar tentando chegar ao Paraíso usando exclusivamente objetos inadequados, como: cofre, vara de pescar etc.
Paulo R. Labegalini : Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG)
Livros do autor:
1. Gotas de Espiritualidade – Editora Bookba (à venda na Amazon, Americanas, Shoptime, Magalu…) – mensagens diárias de fé e esperança, com os santos de cada dia.
2. Pegadas na Areia – Editora Prismas / Editora Appris
3. Histórias Infantis Educativas – Editora Cléofas
4. Histórias Cristãs – Editora Raboni
5. O Mendigo e o Padeiro – Editora Paco
6. A Arte de Aprender Bem – Editora Paco
7. Minha Vida de Milagres – Editora Santuário
8. Administração do Tempo – Editora Ideias e Letras
9. Mensagens que Agradam o Coração – Editora Vozes
10. Projetos Mecânicos das Linhas Aéreas de Transmissão (coautor) – Editora Edgard Blücher
11. Mecânica Geral – Estática (coautor) – Editora Interciência